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FERNANDO RODRIGUES
Transferência de votos
BRASÍLIA - A eleição de amanhã é
um laboratório exemplar sobre como se dá (ou não) o fenômeno da
transferência de votos no Brasil. As
disputas mais emblemáticas e reveladoras são as de presidente e de
governador de Minas Gerais.
O Datafolha perguntou há algum
tempo aos eleitores mineiros se eles
levariam em conta as opiniões de
Aécio Neves (PSDB) e de Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) na hora de escolher quem será o próximo governador do Estado. O resultado foi que o
tucano e o petista tinham pesos
equivalentes em solo mineiro.
Passado algum tempo, a influência de Aécio foi mais eficaz. Turbinou a candidatura do tucano Antonio Anastasia para o Palácio da Liberdade. O fato de Lula ter aparecido de maneira intensa ao lado de
Hélio Costa (PMDB) não impediu a
queda do peemedebista.
Já no caso da eleição presidencial, a aparição de Lula ao lado de
Dilma Rousseff foi útil para que a
petista passasse a liderar a disputa
entre os mineiros. Na outra ponta,
as carreatas e discursos públicos de
Aécio Neves a favor do tucano José
Serra resultaram em vão.
Entre os fatores que facilitam a
transfusão de popularidade e votos
está a relação entre os cargos disputados. Quando um presidente tenta
dar apoio ao candidato que vai sucedê-lo, a tarefa é mais fácil. Mas o
eleitor tende a rejeitar intromissões
cruzadas. Basta lembrar que FHC
fracassou ao tentar eleger Serra
prefeito de São Paulo, em 1996. Lula sofreu revés igual com Marta Suplicy, em 2008.
É evidente que uma pré-condição para transferir voto é estar bem
avaliado. Outro aspecto relevante é
a dosagem. Em Minas Gerais, muitas vezes o candidato parece ser Lula, e não Dilma Rousseff ou Hélio
Costa. Nesses casos, há risco de o
remédio virar veneno.
Hélio Costa parece ter sido inoculado com esse veneno. Já Dilma desenvolveu imunidade. Não importa
o tamanho da dose, ela só faz crescer quando está com Lula.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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