São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2010

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FERNANDO RODRIGUES

Transferência de votos

BRASÍLIA - A eleição de amanhã é um laboratório exemplar sobre como se dá (ou não) o fenômeno da transferência de votos no Brasil. As disputas mais emblemáticas e reveladoras são as de presidente e de governador de Minas Gerais.
O Datafolha perguntou há algum tempo aos eleitores mineiros se eles levariam em conta as opiniões de Aécio Neves (PSDB) e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na hora de escolher quem será o próximo governador do Estado. O resultado foi que o tucano e o petista tinham pesos equivalentes em solo mineiro.
Passado algum tempo, a influência de Aécio foi mais eficaz. Turbinou a candidatura do tucano Antonio Anastasia para o Palácio da Liberdade. O fato de Lula ter aparecido de maneira intensa ao lado de Hélio Costa (PMDB) não impediu a queda do peemedebista.
Já no caso da eleição presidencial, a aparição de Lula ao lado de Dilma Rousseff foi útil para que a petista passasse a liderar a disputa entre os mineiros. Na outra ponta, as carreatas e discursos públicos de Aécio Neves a favor do tucano José Serra resultaram em vão.
Entre os fatores que facilitam a transfusão de popularidade e votos está a relação entre os cargos disputados. Quando um presidente tenta dar apoio ao candidato que vai sucedê-lo, a tarefa é mais fácil. Mas o eleitor tende a rejeitar intromissões cruzadas. Basta lembrar que FHC fracassou ao tentar eleger Serra prefeito de São Paulo, em 1996. Lula sofreu revés igual com Marta Suplicy, em 2008.
É evidente que uma pré-condição para transferir voto é estar bem avaliado. Outro aspecto relevante é a dosagem. Em Minas Gerais, muitas vezes o candidato parece ser Lula, e não Dilma Rousseff ou Hélio Costa. Nesses casos, há risco de o remédio virar veneno.
Hélio Costa parece ter sido inoculado com esse veneno. Já Dilma desenvolveu imunidade. Não importa o tamanho da dose, ela só faz crescer quando está com Lula.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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