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Verticalização predatória
O PROJETO de Plano Diretor
em tramitação na Câmara
de São Sebastião prevê
uma transformação radical da
ocupação do Litoral Norte paulista. Se for aprovado, poderá significar o primeiro passo rumo à
degradação de parte expressiva
das áreas remanescentes de mata Atlântica no país.
Nas praias da costa norte do
município, ficaria permitida a
construção de prédios de até 20
metros de altura. Em Guaecá,
praia entre as mais preservadas
da região, ainda que próxima ao
centro, o gabarito máximo seria
15 metros. E nas praias da costa
sul, como Camburi, Juqueí, Maresias e Barra do Saí, a altura máxima permitida passaria a 12 metros. Não bastasse o impulso à
verticalização, o plano prevê ainda a redução do tamanho mínimo dos lotes de 3.000 m2 para
300 m2 em áreas da mesma costa
sul, o que pode contribuir para
um adensamento populacional
desordenado e insustentável.
Não há dúvida de que o potencial turístico da região pode ser
mais bem explorado. O purismo
dos que a julgam intocável costuma esconder um pendor elitista incapaz de conciliar o lazer
dos veranistas às carências locais. Mas a infra-estrutura é pequena. O tratamento de esgoto é
insuficiente. Não raro, falta água
nos meses de maior movimento.
O projeto corre o risco de destruir o que há de mais valioso na
região. O exemplo de municípios
como Guarujá e Santos é eloqüente a respeito dos efeitos deletérios da verticalização. Mesmo municípios como Ubatuba e
Caraguatatuba, de ocupação turística mais antiga, têm procurado manter ou reduzir o gabarito
máximo permitido. É de estranhar que São Sebastião vá na direção oposta.
Espera-se que a Câmara de
São Sebastião rejeite essa proposta. Há maneiras menos predatórias de incentivar o turismo
e o desenvolvimento da região.
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