São Paulo, terça-feira, 03 de fevereiro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Tortura
"Em relação à reportagem "24% dos paulistanos admitem a tortura" (Cotidiano, 1º/2), é bom lembrar que é um grande equívoco pensar que uma polícia mais violenta possa reprimir o crime com mais eficiência. Não é a violência ou a truculência policial que vão inibir o crime, e sim a certeza da punição. A Polícia Civil de São Paulo, por meio da Academia de Polícia, investe maciçamente há vários anos na formação de profissionais, visando transmitir aos seus integrantes técnicas para que o policial civil seja efetivamente um investigador. Nós, policiais civis, abominamos a prática da tortura e nos sentimos constrangidos quando essas práticas são utilizadas. A Polícia Civil de Sorocaba, que mantém uma média de esclarecimento de homicídios em torno de 65%, nunca recebeu uma denúncia de arbitrariedade. Esse número é igual ou superior ao de muitos países ditos de Primeiro Mundo. É sempre bom lembrar que a Polícia Civil busca seus recursos humanos dentro da nossa sociedade e, quando estes não nos servem, por qualquer razão, são devolvidos à mesma sociedade. Quer me parecer, então, que o problema seja mais grave fora da polícia."
José Ordele Alves Lima Júnior, delegado de polícia titular da Delegacia de Polícia de Investigações sobre Narcóticos de Sorocaba e professor titular de policiamento preventivo especializado da Academia de Polícia de São Paulo (Sorocaba, SP)

 

"Não é tortura quando um seqüestrador acorrenta sua vítima, faz ameaças, fica o tempo todo com uma arma apontada para sua cabeça e às vezes até faz mutilações? Se o bandido pode fazer isso com as vitimas, por que a polícia não pode fazer o mesmo? Onde estão os direitos humanos das vítimas? Por que só os bandidos têm esse privilégio? Na reportagem do caderno Cotidiano, alguns entrevistados se dizem a favor da prisão perpétua em vez da pena de morte. Temos um caso recente de prisão quase perpétua (30 anos, o tempo máximo permitido por lei), em que, após sair da cadeia, o bandido foi assassinado. Falo do "Bandido da Luz Vermelha". De que adiantou o governo gastar com esse indivíduo por 30 anos?"
Edésio Cláudio Verduro (Presidente Prudente, SP)

Mau gosto
"Pergunto-me se está correto tomar a metade da Primeira Página de domingo 1º/2 com uma foto de absoluto mau gosto: uma mulher com as nádegas pousadas sobre a mesa da cozinha onde se preparam alimentos em um restaurante famoso. Acima do absoluto mau gosto, há também a frase preconceituosa contra outras duas profissões (a de modelo e a de mecânico). Acho que isso agride a inteligência e o bom gosto dos leitores de um jornal sério como a Folha. Como diria um conhecido meu, de calibre intelectual equivalente ao da moça: "É muita futileza"."
Manoel Justino Bezerra Filho (São Paulo, SP)

Empresários
"Muito me entristece ver que as pessoas mantêm opiniões equivocadas sobre os empresários no Brasil. Basta ver a última pesquisa do Banco Mundial sobre o ambiente para abrir, tocar e fechar empresas, o que mostrou que o fato de o Brasil possuir empresas é um verdadeiro milagre. Pois vamos saudar esses senhores que conseguem operar milagres."
Rubens Bardelli Jr. (São Paulo, SP)

Anaconda
"Em relação à reportagem "Advogado escreveu sentenças de juiz, diz PF" (Brasil, pág. A10, 18/1), venho prestar esclarecimentos. Não é verdadeira a afirmação de que a empresa Sardinhas Gomes da Costa teria usado títulos podres para o pagamento de débitos com o INSS. A verdade é que a empresa examinou a possibilidade de usar benefícios conferidos pela medida provisória nº 1.586-4, de 31/12/ 1997, então em vigor, o que nem chegou a acontecer, razão pela qual foi impróprio o indiciamento -que foi cancelado. Afirmo que não paguei nenhuma propina, como indevidamente afirmou a reportagem, o que me causou profundo constrangimento. Tais esclarecimentos poderiam ter sidos publicados no próprio texto, mas a reportagem não teve o cuidado de entrar em contato comigo, pelo que me reservo o direito de propor as medidas cabíveis ao caso."
Ismar Machado Assaly (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Mário Cesar Carvalho - Gravações feitas pela Polícia Federal mostram uma pessoa chamada Ismar (da Sardinhas Gomes da Costa) acertando o pagamento de R$ 50 mil com o advogado Jorge Luiz Bezerra da Silva (preso pela Operação Anaconda) em 30 de julho de 2002. Depois, um delegado da PF conversa com o advogado e diz que "o despacho ficou daquele jeito mesmo", que mandou "desconsiderar o indiciamento dele" (de Ismar Machado Assaly). A PF interpreta as conversas como negociação de propina.

Convocação
"A propósito da reportagem "Apesar do extra, 25 somem da Câmara" (Brasil, 2/2), informo que não é verdade que eu tenha me ausentado das sessões da Câmara na quarta-feira da semana passada, dia 28 de janeiro. As relações anexas, fornecidas pela Secretaria Geral da Mesa, mostram que: 1) Meu nome integra as relações de presença nas sessões da quarta-feira emitidas pela Secretaria Geral da Mesa às 12h50, 13h36 e 20h17 daquele dia; 2) Estou anexando também a intervenção que fiz na quarta-feira no plenário da Câmara, às 17h44 horas, no encaminhamento de requerimento sobre a votação da medida provisória nº 144. Falei na condição de vice-líder do PFL, como faço habitualmente; 3) Como informei à repórter por telefone, no domingo, retornei a Salvador na quarta-feira à noite para comparecer ao sepultamento do pai do líder do nosso partido na Câmara, deputado José Carlos Aleluia, ocorrido na manhã de quinta-feira.";
Antonio Carlos Magalhães Neto, deputado federal -PFL-BA (Brasília, DF)

Nota da Redação - Leia abaixo a seção "Erramos".


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