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São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2003

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PEDÁGIO URBANO

A prefeitura de Londres agora está cobrando pedágio dos motoristas que desejam circular de carro pelo centro da cidade, com o objetivo de reduzir os congestionamentos. O sistema é controlado por 800 câmeras espalhadas pelo perímetro tarifado, de 21 km2, fotografando as placas dos veículos que entram na área e identificando aqueles que não pagaram antecipadamente.
O valor pode ser pago por telefone, internet ou carta, ou em agências de correio, lojas e supermercados. Os moradores do centro têm desconto de 90%. Táxis, motos, ambulâncias e ônibus são isentos, assim como motoristas com deficiência e veículos movidos por combustíveis alternativos. Apesar das críticas, a medida parece estar funcionando: o tráfego na região central caiu, sem sobrecarregar demais o metrô e os ônibus.
O projeto deve ser analisado com atenção pelas autoridades brasileiras. O rodízio municipal de São Paulo, em vigor desde 1997, está esgotado: a velocidade média de circulação nas principais vias é mais baixa do que em 1996, e os congestionamentos superam os patamares antigos.
Contra o pedágio, alega-se que ele onera um usuário sobrecarregado de impostos. O rodízio, porém, já embute um encargo financeiro: compra-se um carro que tem de ficar ocioso um dia por semana, forçando o motorista a pagar por um meio de transporte alternativo. O pedágio só exterioriza esse custo. Sustenta-se ainda que o pedágio fere o direito de ir e vir. Mas o fato é que a liberdade de locomoção já deixou de existir em razão dos congestionamentos.
O pedágio não prejudicaria a maioria dos paulistanos, que usa o transporte coletivo e só teria a ganhar com a fluidez do trânsito. A dificuldade para implantar o projeto é que a restrição ao uso do carro atinge a classe média, que exerce intensa pressão sobre a prefeitura. Possivelmente a adoção do pedágio só deverá ocorrer após um processo de convencimento da população. O exemplo de Londres pode contribuir para isso.


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