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PEDÁGIO URBANO
A prefeitura de Londres agora está cobrando pedágio dos
motoristas que desejam circular de
carro pelo centro da cidade, com o
objetivo de reduzir os congestionamentos. O sistema é controlado por
800 câmeras espalhadas pelo perímetro tarifado, de 21 km2, fotografando as placas dos veículos que entram na área e identificando aqueles
que não pagaram antecipadamente.
O valor pode ser pago por telefone,
internet ou carta, ou em agências de
correio, lojas e supermercados. Os
moradores do centro têm desconto
de 90%. Táxis, motos, ambulâncias e
ônibus são isentos, assim como motoristas com deficiência e veículos
movidos por combustíveis alternativos. Apesar das críticas, a medida parece estar funcionando: o tráfego na
região central caiu, sem sobrecarregar demais o metrô e os ônibus.
O projeto deve ser analisado com
atenção pelas autoridades brasileiras. O rodízio municipal de São Paulo, em vigor desde 1997, está esgotado: a velocidade média de circulação
nas principais vias é mais baixa do
que em 1996, e os congestionamentos superam os patamares antigos.
Contra o pedágio, alega-se que ele
onera um usuário sobrecarregado de
impostos. O rodízio, porém, já embute um encargo financeiro: compra-se um carro que tem de ficar
ocioso um dia por semana, forçando
o motorista a pagar por um meio de
transporte alternativo. O pedágio só
exterioriza esse custo. Sustenta-se
ainda que o pedágio fere o direito de
ir e vir. Mas o fato é que a liberdade
de locomoção já deixou de existir em
razão dos congestionamentos.
O pedágio não prejudicaria a maioria dos paulistanos, que usa o transporte coletivo e só teria a ganhar com
a fluidez do trânsito. A dificuldade
para implantar o projeto é que a restrição ao uso do carro atinge a classe
média, que exerce intensa pressão
sobre a prefeitura. Possivelmente a
adoção do pedágio só deverá ocorrer
após um processo de convencimento da população. O exemplo de Londres pode contribuir para isso.
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