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SALDO INESPERADO
O saldo positivo obtido pelo
Brasil no seu intercâmbio comercial com o exterior continua a superar as projeções mais otimistas.
No mês passado o superávit comercial foi o mais alto que o país já registrou num fevereiro; o número de janeiro também havia sido recorde, assim como o observado no ano de
2003 como um todo.
Desempenho tão positivo da balança comercial no primeiro bimestre
não era esperado. A maioria dos analistas avaliava que, a esta altura, a retomada da demanda interna já estaria reduzindo a tendência superavitária do comércio exterior, ao estimular tanto as importações como o redirecionamento para o mercado interno, em detrimento das exportações, da oferta de diversos bens.
É certo que, além do nível relativamente alto em que se encontram as
cotações de algumas commodities
exportadas pelo Brasil, circunstâncias particulares estão contribuindo
para a sustentação do excelente desempenho da balança. Por exemplo,
a epidemia da gripe aviária, que vem
atingindo a Ásia e os EUA, e a da vaca
louca, que prejudica a oferta de carne
bovina da América do Norte, estão
favorecendo as exportações brasileiras de carnes.
Esses fatores, embora importantes,
são insuficientes para explicar os superávits recordes. É preciso levar em
conta também a timidez da retomada do mercado interno.
O desempenho das importações
ilustra esse ponto. Enquanto bancos
e consultorias vêm projetando, de
acordo com levantamento do Banco
Central, uma alta de quase 20% para
o ano de 2004 como um todo, no primeiro bimestre sua taxa de crescimento, sobre igual período de 2003,
limitou-se a 5%.
Não há dúvida de que saldos comerciais elevados precisam ser mantidos numa economia que ainda padece de fragilidades nas contas externas. É preocupante, porém, que resultados tão expressivos estejam associados a um dinamismo ainda
muito baixo do mercado interno.
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