São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2004

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SALDO INESPERADO

O saldo positivo obtido pelo Brasil no seu intercâmbio comercial com o exterior continua a superar as projeções mais otimistas. No mês passado o superávit comercial foi o mais alto que o país já registrou num fevereiro; o número de janeiro também havia sido recorde, assim como o observado no ano de 2003 como um todo.
Desempenho tão positivo da balança comercial no primeiro bimestre não era esperado. A maioria dos analistas avaliava que, a esta altura, a retomada da demanda interna já estaria reduzindo a tendência superavitária do comércio exterior, ao estimular tanto as importações como o redirecionamento para o mercado interno, em detrimento das exportações, da oferta de diversos bens.
É certo que, além do nível relativamente alto em que se encontram as cotações de algumas commodities exportadas pelo Brasil, circunstâncias particulares estão contribuindo para a sustentação do excelente desempenho da balança. Por exemplo, a epidemia da gripe aviária, que vem atingindo a Ásia e os EUA, e a da vaca louca, que prejudica a oferta de carne bovina da América do Norte, estão favorecendo as exportações brasileiras de carnes.
Esses fatores, embora importantes, são insuficientes para explicar os superávits recordes. É preciso levar em conta também a timidez da retomada do mercado interno.
O desempenho das importações ilustra esse ponto. Enquanto bancos e consultorias vêm projetando, de acordo com levantamento do Banco Central, uma alta de quase 20% para o ano de 2004 como um todo, no primeiro bimestre sua taxa de crescimento, sobre igual período de 2003, limitou-se a 5%.
Não há dúvida de que saldos comerciais elevados precisam ser mantidos numa economia que ainda padece de fragilidades nas contas externas. É preocupante, porém, que resultados tão expressivos estejam associados a um dinamismo ainda muito baixo do mercado interno.


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