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São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2003

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DESASTRE NO RIO POMBA

O vazamento de 1,5 bilhão de litros de produtos tóxicos no rio Pomba, na altura da cidade de Cataguases, em Minas Gerais, é mais um daqueles acidentes não tão acidentais. De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente mineira, a Cataguases Papel, responsável pelo desastre, estava em situação irregular pelo descumprimento de exigências do Copam (Conselho de Política Ambiental) do Estado.
A empresa já havia sido autuada em 1995 por causar poluição e funcionar sem a licença de operação, que foi indeferida pelo governo mineiro em 1999 e 2001. A pergunta que fica é: se a empresa não tinha autorização para estar em atividade, como se explica que estivesse?
Questões como essa terão de ser esclarecidas, mas a prioridade agora é minimizar os danos ao ambiente. Biólogos estimam que a fauna e a flora dos rios atingidos -além do Pomba, o Paraíba do Sul foi bastante afetado- levarão pelo menos dez anos para recuperar-se. Populações de várias cidades do norte fluminense ficaram sem água. Mesmo que a empresa venha a pagar as multas ambientais que receberá -o que nem sempre ocorre-, o prejuízo ambiental e humano causado pela catástrofe está além de simples compensações financeiras.
Acidentes podem acontecer -e de fato acontecem- em qualquer lugar do mundo. Ainda assim, existem meios de evitá-los e, quando ocorrem, há maneiras de minorar seus danos. Nesse quesito, o Brasil, infelizmente, ainda é muito vulnerável.
A Cataguases enfrentava problemas com a fiscalização ambiental pelo menos desde 1995. É inconcebível que, em oito anos, a situação não tenha sido regularizada. Pior, outra das barragens da companhia nas quais eram armazenados os dejetos químicos ameaça romper.
Cuidados ambientais não podem limitar-se a preocupações episódicas que surgem após acidentes de grande repercussão. Eles têm de ser contínuos justamente para evitar as grandes catástrofes.


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