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DESASTRE NO RIO POMBA
O vazamento de 1,5 bilhão de
litros de produtos tóxicos no
rio Pomba, na altura da cidade de Cataguases, em Minas Gerais, é mais
um daqueles acidentes não tão acidentais. De acordo com a Secretaria
do Meio Ambiente mineira, a Cataguases Papel, responsável pelo desastre, estava em situação irregular
pelo descumprimento de exigências
do Copam (Conselho de Política
Ambiental) do Estado.
A empresa já havia sido autuada em
1995 por causar poluição e funcionar
sem a licença de operação, que foi indeferida pelo governo mineiro em
1999 e 2001. A pergunta que fica é: se
a empresa não tinha autorização para estar em atividade, como se explica que estivesse?
Questões como essa terão de ser esclarecidas, mas a prioridade agora é
minimizar os danos ao ambiente.
Biólogos estimam que a fauna e a
flora dos rios atingidos -além do
Pomba, o Paraíba do Sul foi bastante
afetado- levarão pelo menos dez
anos para recuperar-se. Populações
de várias cidades do norte fluminense ficaram sem água. Mesmo que a
empresa venha a pagar as multas
ambientais que receberá -o que
nem sempre ocorre-, o prejuízo
ambiental e humano causado pela
catástrofe está além de simples compensações financeiras.
Acidentes podem acontecer -e de
fato acontecem- em qualquer lugar
do mundo. Ainda assim, existem
meios de evitá-los e, quando ocorrem, há maneiras de minorar seus
danos. Nesse quesito, o Brasil, infelizmente, ainda é muito vulnerável.
A Cataguases enfrentava problemas com a fiscalização ambiental
pelo menos desde 1995. É inconcebível que, em oito anos, a situação não
tenha sido regularizada. Pior, outra
das barragens da companhia nas
quais eram armazenados os dejetos
químicos ameaça romper.
Cuidados ambientais não podem
limitar-se a preocupações episódicas
que surgem após acidentes de grande repercussão. Eles têm de ser contínuos justamente para evitar as
grandes catástrofes.
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