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CLÓVIS ROSSI
Credibilidade para quê?
SÃO PAULO- Do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na missa do Dia do
Trabalho:
"Quando ganhamos as eleições, algumas pessoas diziam: o dólar vai a
R$ 5 agora, o risco Brasil vai a 10.000
pontos, e o PT não vai conseguir controlar a economia. Colocamos US$ 1
bilhão em títulos para vender no
mercado externo e apareceram US$ 6
bilhões em oferta de compra. Ou seja,
conquistamos a credibilidade que
precisávamos conquistar".
Do economista João Sicsú, professor
do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro:
"Mas o que significam exatamente
os termos credibilidade e reputação?
Segundo a teoria econômica convencional, credibilidade é sinônimo de
inflexibilidade para ações de um governo, isto é, um governo ganha credibilidade se não pode decidir e reagir no dia-a-dia, se não pode intervir
na economia, se segue regras cegas,
independentemente de mudanças
conjunturais".
O texto de Sicsú é anterior à fala de
Lula e já deve estar disponível no site
da UFRJ.
Posto de outra forma: os logros de
que Lula se gaba, dia sim, outro também, não são produto da ação do governo, mas, ao contrário, de deixar
tudo como estava -e como o mercado queria que estivesse.
Voltando a Sicsú: "O tripé convencional busca retirar do governo a sua
capacidade de intervir na economia
através do uso de políticas monetária, cambial e fiscal".
"A política monetária é "doada" ao
banco central autônomo. A política
fiscal é quase anulada, já que as metas de superávit retiram do governo a
capacidade de aumentar gastos de
investimento e sociais. A liberalização financeira, ao permitir um número ilimitado de transações com o
exterior, retira a força da política
cambial na medida em que as reservas do Banco Central serão sempre
insuficientes diante do poder de fogo
dos mercados financeiros doméstico e
internacional".
Em resumo, é a mesma política de
FHC, contra a qual dois de cada três
brasileiros votaram no PT.
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