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São Paulo, sábado, 03 de maio de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Credibilidade para quê?

SÃO PAULO- Do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na missa do Dia do Trabalho:
"Quando ganhamos as eleições, algumas pessoas diziam: o dólar vai a R$ 5 agora, o risco Brasil vai a 10.000 pontos, e o PT não vai conseguir controlar a economia. Colocamos US$ 1 bilhão em títulos para vender no mercado externo e apareceram US$ 6 bilhões em oferta de compra. Ou seja, conquistamos a credibilidade que precisávamos conquistar".
Do economista João Sicsú, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro:
"Mas o que significam exatamente os termos credibilidade e reputação? Segundo a teoria econômica convencional, credibilidade é sinônimo de inflexibilidade para ações de um governo, isto é, um governo ganha credibilidade se não pode decidir e reagir no dia-a-dia, se não pode intervir na economia, se segue regras cegas, independentemente de mudanças conjunturais".
O texto de Sicsú é anterior à fala de Lula e já deve estar disponível no site da UFRJ.
Posto de outra forma: os logros de que Lula se gaba, dia sim, outro também, não são produto da ação do governo, mas, ao contrário, de deixar tudo como estava -e como o mercado queria que estivesse.
Voltando a Sicsú: "O tripé convencional busca retirar do governo a sua capacidade de intervir na economia através do uso de políticas monetária, cambial e fiscal".
"A política monetária é "doada" ao banco central autônomo. A política fiscal é quase anulada, já que as metas de superávit retiram do governo a capacidade de aumentar gastos de investimento e sociais. A liberalização financeira, ao permitir um número ilimitado de transações com o exterior, retira a força da política cambial na medida em que as reservas do Banco Central serão sempre insuficientes diante do poder de fogo dos mercados financeiros doméstico e internacional".
Em resumo, é a mesma política de FHC, contra a qual dois de cada três brasileiros votaram no PT.



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