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FHC não é Collor
CLÓVIS ROSSI
São Paulo - Havia pelo menos dois
bons motivos para não escrever sobre
este assunto, pelo menos da forma como será publicado:
1 - Uma vozinha interna avisando:
"Cala a boca, tonto, que há uma maré
montante de irritação com o presidente, cuja popularidade atingiu o ponto
mais baixo. Por que você, que tanto o
criticou quando a situação era a inversa, vai, agora, defendê-lo?".
2 - Um enorme carinho pelo jornalista Carlos Heitor Cony.
Mas o instinto falou mais alto. Cony
que me perdoe, se puder, mas não dá
para comparar Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso, como ele o
fez na coluna publicada terça-feira.
Collor foi a coisa mais nefasta que
ocorreu ao país na segunda metade do
século (assim mesmo porque não me
arrisco a recuar mais no tempo), com
a óbvia exceção da ditadura militar (e
esta por outros motivos).
Nem creio necessário alongar-me em
explicações. A era Collor e os fatos por
ela gerados são muito recentes.
Em FHC, pode-se criticar, ácida e
violentamente, até todas as políticas
adotadas. Há incontáveis argumentos
para fazê-lo. Pode-se, igualmente, criticar o fato de que alguns dos aliados
do atual presidente são os mesmos,
tristemente os mesmos, de Collor.
Mas daí a pretender que sejam
iguais ou até que seus esquemas sejam
iguais ou atuem da mesma maneira
vai uma enorme distância, a menos
que fatos novos demonstrem que estou
sendo ingênuo ou condescendente.
Pode-se até suspeitar que as sucessivas operações "abafa" promovidas pelo governo FHC impediram que se
chegasse ao fundo das questões. Mas
não é justo condená-lo liminarmente
com base apenas em suspeitas que podem ou não ser verdadeiras.
Collor era um aventureiro, cercado
de figuras de corte idêntico (basta
lembrar PC Farias). FHC pode ser tudo o que seus críticos dissemos, dizemos e diremos que é, menos aventureiro. Faz toda a diferença.
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