São Paulo, Quinta-feira, 03 de Junho de 1999
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Que tal desligar a TV?

VALDO CRUZ


Brasília - Na minha infância, tínhamos apenas uma televisão em casa. Quando estragava, o jeito era esperar pelo conserto. Mas não fazia muita falta. Moleque, gostava mesmo era das brincadeiras de rua. Também a programação não ajudava muito.
Hoje, com violência nas ruas, trânsito infernal, drogas, as crianças acabam ficando mais dentro de casa. Com isso, a TV ganhou um papel importante no nosso cotidiano. Ainda bem que agora temos programas educativos e infantis de qualidade.
Mas às vezes dá vontade de desligar o aparelho de TV. Foi a sensação que tive ao assistir a um comercial de uma montadora de automóveis dirigido ao público jovem.
Um adolescente chega em casa irritado, num estilo rebelde, jogando os tênis no meio do quarto. Amuado e desolado, senta na cama pensativo. Lembra-se de seus amigos na escola. A maioria com belos carros. Ele não.
Só fica satisfeito quando descobre, sobre a cama, uma caixinha. Dentro, as chaves de um carro novinho em folha. Maravilha de exemplo esse dado pelo comercial.
Fico pensando nos adolescentes que não têm carro. Todos devem começar a se sentir no direito de se transformar no mesmo rebelde do comercial. Quem sabe eles não acabam conseguindo faturar um carro zerinho?
Não fossem os bons programas educativos e infantis, além de um bom futebolzinho, dá até vontade de seguir o conselho de um velho amigo. O melhor é não ter televisão dentro de casa. Sobra mais tempo para ler e conversar.

Quando vazaram de forma ordenada as primeiras fitas do grampo no BNDES, assessores bem próximos do presidente Fernando Henrique Cardoso condenavam, reservadamente, o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações).
Na época, ouvi de assessores e ministros que Mendonção havia misturado público e privado, além de ter "manipulado" o leilão da Telebrás. Hoje, os mesmos assessores se calam.


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