|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
O erro de Marta
BRASÍLIA - Leonel Brizola costumava dizer que o PT não gosta de fazer
aliança, quer apenas adesão. Há
muito de verdade nesse diagnóstico.
A disputa pela Prefeitura de São Paulo é um exemplo.
A prefeita Marta Suplicy esnobou o
PMDB. Queria o tempo de TV da sigla sem oferecer algo em troca. Ficou
sem nada. O processo foi degradante
para o PT e funesto para Marta.
No caso do PT, fica de saldo a prática detestável usada para cooptar os
vereadores do PMDB com distribuição de cargos. Marta achava que o
partido viria de joelhos apoiar a sua
reeleição. Sem um candidato forte à
prefeitura, os peemedebistas não voltariam para a Câmara.
Deu tudo errado. Orestes Quércia
ficou invocado, como diria Lula. Destituiu a direção paulistana do
PMDB. Autonomeou-se chefão local.
Proibiu o apoio a Marta e ao PT.
Em seguida, veio o lance que causará grande enxaqueca em Marta: o
PMDB não apenas não vai apoiá-la
mas dará todo o seu tempo de TV para Luiza Erundina, do PSB. É um flagelo para a petista.
Erundina é mulher, tem alguma
experiência administrativa (foi prefeita de 1989 a 1992), goza de prestígio
na periferia nordestina paulistana e
exibe uma estável pontuação nas
pesquisas, na redondeza de 10% a
15%. Só lhe faltava TV e dinheiro para a campanha.
O tempo de TV está garantido com
o PMDB. Quanto ao dinheiro, uma
pista está no hoje empresário Orestes
Quércia. Em 1989, ele não estava nem
aí para a campanha presidencial de
Ulysses Guimarães -mas foi leal até
o final, sendo um dos principais financiadores. Agora, interessado em
dar uma rasteira no PT, não é demais imaginar que fará o que puder
para derrotar Marta, dando uma estrutura decente a Erundina.
Marta, é claro, ainda pode reagir e
vencer. Só que está ficando cada vez
mais difícil. Por culpa dela e do PT.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: E Saddam ganhou Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Zé Celso Índice
|