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Privatizem o Banco do Brasil
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - O caso dos precatórios da
Prefeitura de São Paulo no Banco do
Brasil é muito difuso. O banco divulgou uma nota rocambólica, para usar
o termo da moda, com uma desculpa
esfarrapada. A mídia chapa-branca se
satisfez e encaixou.
Mas há outro escândalo mais explícito na operação de federalização da dívida da Prefeitura de São Paulo. Trata-se de um empréstimo de R$ 324 milhões do BB para a prefeitura paulistana em 23 de dezembro de 97.
Naquela data, se Celso Pitta entrasse
no Bradesco ou no Itaú pedindo um
empréstimo, correria o risco de ser dado como louco. Acabaria despachado
para um sanatório.
Não no Banco do Brasil. Especializado em patrocinar torcedores desocupados de vôlei de praia, o BB emprestou
R$ 324 milhões para Pitta. O prefeito
pagou contas atrasadas. Empreiteiras
(OAS e Vega Sopave, entre outras) ficaram exultantes.
Meses depois, como já sabia a torcida
do Corinthians, Pitta deu calote no
Banco do Brasil. No início deste ano,
quando deveria quitar o empréstimo, o
prefeito tinha atrasado mais de R$ 200
milhões com o BB.
Tudo foi resolvido com uma providencial operação de federalização da
dívida paulistana (aí incluídos os precatórios fajutos). Pitta ficou sem pagar, o BB foi salvo e os contribuintes
brasileiros receberam a conta.
Como se tivesse o poder de fabricar
dinheiro e depois destruí-lo numa prefeitura mal-administrada, o BB não se
interessa em explicar a doação de R$
324 milhões para Pitta.
Depois de dois dias de espera, recebi
a seguinte mensagem da assessoria do
banco estatal: 1) a operação foi legal;
2) o BB não comentará as condições do
empréstimo nem se houve atraso no
pagamento ou se as garantias da operação foram utilizadas.
Dizer que a operação foi legal equivale a dizer que o AI-5 foi legal. E daí?
Daí nada. O BB sabe a besteira que fez.
Sabe quem mandou fazer. E se diverte
zombando de quem apenas deseja entender esse assalto ao dinheiro público
patrocinado na era FHC.
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