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A GANGORRA DO DÉFICIT
A balança comercial brasileira registrou em agosto seu menor déficit
em um ano. Como mostra o gráfico,
a deterioração dessa conta vem de
longe. Aliás, no início da estabilização houve uma corrida por importados e uma queda das exportações,
em boa medida como resultado da
valorização do real em relação ao dólar e da abertura da economia.
O governo chegou a celebrar o
resultado, atitude que foi dando
lugar a um pragmatismo mais
responsável, sobretudo depois
da crise mexicana.
O pragmatismo
tem muitas faces, algumas das quais
bastante discutíveis. O esforço do
governo vai do sistema de bandas
cambiais aos programas de apoio a
exportadores ou à substituição de
importações, passando pela contenção do consumo.
Sem dúvida, várias dessas medidas
podem estar dando resultado. Como
os dados ainda não são conclusivos,
é cedo para comemorar o eventual
surgimento de uma nova tendência.
Mas há um aspecto sobre o qual não
há dúvida: mais uma vez se confirma
o conhecido e velho mecanismo (dos
anos 80) que consiste em frear o
crescimento para melhorar o resultado da balança comercial. Crescer menos e portanto consumir menos significa importar menos.
Como se vê no gráfico, a deterioração do saldo no comércio exterior já é
observada antes do Plano
Real. A queda
no saldo tem
início em 1993 e
1994, ou seja,
quando foi sendo superada a
recessão do
Plano Collor
(1990-91) e a
abertura continuou.
O modelo de política econômica
atual supõe serem "imexíveis", ou
passíveis apenas de melhoras lentas,
o câmbio, as tarifas sobre importados, as contas públicas e o "custo
Brasil". Nesse contexto, reduzir ou
não o déficit comercial, em especial
contendo as importações, responsáveis maiores pelo desequilíbrio externo, traduz-se no velho dilema:
crescer mais ou crescer menos.
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