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POLUIÇÃO SEM MEDIDA
O rodízio de veículos em São Paulo
para conter a poluição do ar terminou por aliviar o tráfego e chamar a
atenção para deficiências do transporte coletivo. Foi, de todo modo,
uma tentativa de impacto no que diz
respeito ao controle de poluentes.
A futura introdução de testes periódicos da emissão de gases tóxicos
pelos automóveis deveria ser mais
uma medida no sentido de controlar
a poluição do ar. Mas ela de nada servirá se os critérios forem tão pouco
rigorosos quanto parecem ser os estabelecidos pelo Conselho Nacional
do Meio Ambiente (Conama).
Em testes realizados pelo consórcio
que venceu a licitação da prefeitura
para fazer essa fiscalização, a emissão do principal poluente (monóxido
de carbono) em automóveis fabricados em diferentes anos foi muito inferior aos largos limites permitidos
pela atual regulamentação.
Um automóvel fabricado em 96, escolhido aleatoriamente e testado na
presença da Folha, poderia poluir 34
vezes mais do que o faz de fato e ainda permanecer dentro do limite. Um
outro veículo de passeio, com 21
anos de uso, poderia ser duas vezes e
meia mais poluidor e receber aprovação. Depreende-se que aparentemente nenhum carro seria reprovado
no teste. Um membro do Conama reconhece a tolerância dos parâmetros
atualmente utilizados.
Com esses critérios, corre-se o risco de que, durante um bom tempo, o
único resultado significativo dessa
nova exigência seja o faturamento do
consórcio que -sob protesto judicial- obteve o monopólio para realizar tal fiscalização, cobrando R$
17,95 sobre cada automóvel.
Falta ao país, obviamente, uma política ambiental mais consistente. No
caso dos testes de poluição, tudo indica que está à vista um desperdício
de aparência virtuosa.
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