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O jeans da oposição
VALDO CRUZ
Brasília - "Esse tema já não está gasto?" A reação de FHC, diante da pergunta sobre a compra de votos na reeleição, revela um desejo íntimo: apagar de vez a nódoa deixada pelas denúncias publicadas em maio último
pela Folha.
Para quem não se lembra -como
deseja o presidente-, pelo menos dois
deputados foram réus confessos no caso: Ronivon Santiago e João Maia
contaram a amigos, em conversas gravadas, ter recebido até R$ 200 mil para votar a favor da emenda da reeleição. Aquela que dá a FHC o direito de
disputar um segundo mandato.
O presidente tem até uma certa razão. O tema já está um pouco gasto,
mas não foi esgotado. Para a oposição, ele funcionará como uma velha e
boa calça jeans. Mesmo surrada e desbotada pelo tempo, a denúncia de
compra de votos continuará sendo
usada pelos adversários de FHC.
"O presidente pode não gostar, mas
terá de conviver com esse tema principalmente na campanha eleitoral de
98", afirma o líder do PT na Câmara,
José Machado (SP).
FHC poderia estar livre desse assunto gasto. Bastaria que seus líderes no
Congresso não tivessem feito de tudo
para impedir investigações profundas
sobre as denúncias.
Não é o caso de colocar em dúvida as
palavras de FHC, quando diz que põe
suas mãos no fogo no episódio da
compra de votos. Mas o próprio presidente reconhece que não pode fazer o
mesmo com a mão alheia.
Aí é que está o problema. Alguma
mão alheia entregou a propina aos deputados que venderam seus votos. Essa mão, que se diz aliada de FHC, continua impune, manchando todo o processo que deve culminar na reeleição
do presidente.
Por falar em tema velho, a Receita
Federal anda desconfiada das remessas que as Organizações Arnon de Mello estão fazendo para o ex-presidente
Fernando Collor em Miami.
No ano passado, Collor recebeu de
sua empresa US$ 1,3 milhão. O dinheiro estaria sendo registrado como empréstimo. Uma forma de fugir da cobrança de Imposto de Renda.
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