São Paulo, quarta, 3 de setembro de 1997.



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O jeans da oposição

VALDO CRUZ

Brasília - "Esse tema já não está gasto?" A reação de FHC, diante da pergunta sobre a compra de votos na reeleição, revela um desejo íntimo: apagar de vez a nódoa deixada pelas denúncias publicadas em maio último pela Folha.
Para quem não se lembra -como deseja o presidente-, pelo menos dois deputados foram réus confessos no caso: Ronivon Santiago e João Maia contaram a amigos, em conversas gravadas, ter recebido até R$ 200 mil para votar a favor da emenda da reeleição. Aquela que dá a FHC o direito de disputar um segundo mandato.
O presidente tem até uma certa razão. O tema já está um pouco gasto, mas não foi esgotado. Para a oposição, ele funcionará como uma velha e boa calça jeans. Mesmo surrada e desbotada pelo tempo, a denúncia de compra de votos continuará sendo usada pelos adversários de FHC.
"O presidente pode não gostar, mas terá de conviver com esse tema principalmente na campanha eleitoral de 98", afirma o líder do PT na Câmara, José Machado (SP).
FHC poderia estar livre desse assunto gasto. Bastaria que seus líderes no Congresso não tivessem feito de tudo para impedir investigações profundas sobre as denúncias.
Não é o caso de colocar em dúvida as palavras de FHC, quando diz que põe suas mãos no fogo no episódio da compra de votos. Mas o próprio presidente reconhece que não pode fazer o mesmo com a mão alheia.
Aí é que está o problema. Alguma mão alheia entregou a propina aos deputados que venderam seus votos. Essa mão, que se diz aliada de FHC, continua impune, manchando todo o processo que deve culminar na reeleição do presidente.

Por falar em tema velho, a Receita Federal anda desconfiada das remessas que as Organizações Arnon de Mello estão fazendo para o ex-presidente Fernando Collor em Miami.
No ano passado, Collor recebeu de sua empresa US$ 1,3 milhão. O dinheiro estaria sendo registrado como empréstimo. Uma forma de fugir da cobrança de Imposto de Renda.





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