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São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2003

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MÁQUINA POLÍTICA

A intensa movimentação do ministro José Dirceu, da Casa Civil, para arregimentar apoios ao governo com base em oferta de cargos não é novidade nem no atual governo nem em anteriores. A distribuição de postos na administração, bem como a liberação de emendas orçamentárias de parlamentares, para não mencionar práticas mais nebulosas, tem servido há anos de moeda corrente nas barganhas entre o Planalto e os partidos políticos. Tampouco constitui fato novo que uma administração recém-empossada procure ocupar posições na máquina pública, nela alojando seus correligionários.
Tudo isso apenas indica o quanto de fisiologismo e de oportunismo ainda persiste na cena política brasileira. Causa espanto, porém, que justamente o partido que se notabilizou por denunciar e condenar essas práticas esteja agora no triste papel de patrociná-las.
É lamentável que os outrora paladinos da moral e dos bons costumes políticos tenham assumido a gerência de um movimentado "balcão" de troca de cargos por apoios e que venham promovendo um preocupante "aparelhamento" de órgãos públicos por simpatizantes do PT, muitos dos quais, aparentemente, sem as devidas credenciais técnicas.
O próprio senador Eduardo Suplicy, apresentando-se como uma espécie de "reserva moral" petista, disparou contra a Casa Civil, dizendo não se sentir bem em ver o governo adotar "esse tipo de procedimento". Dirceu mostrou-se chocado com as críticas, mas o fato é que a opinião do senador coincide com a dos que esperavam por um mínimo de renovação nos hábitos políticos de Brasília com o governo do PT.
Infelizmente, também nesse quesito, tão caro às tradições do partido, o espetáculo não tem sido dos mais alvissareiros.


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