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MÁQUINA POLÍTICA
A intensa movimentação do
ministro José Dirceu, da Casa
Civil, para arregimentar apoios ao
governo com base em oferta de cargos não é novidade nem no atual governo nem em anteriores. A distribuição de postos na administração,
bem como a liberação de emendas
orçamentárias de parlamentares, para não mencionar práticas mais nebulosas, tem servido há anos de
moeda corrente nas barganhas entre
o Planalto e os partidos políticos.
Tampouco constitui fato novo que
uma administração recém-empossada procure ocupar posições na máquina pública, nela alojando seus
correligionários.
Tudo isso apenas indica o quanto
de fisiologismo e de oportunismo
ainda persiste na cena política brasileira. Causa espanto, porém, que justamente o partido que se notabilizou
por denunciar e condenar essas práticas esteja agora no triste papel de
patrociná-las.
É lamentável que os outrora paladinos da moral e dos bons costumes
políticos tenham assumido a gerência de um movimentado "balcão" de
troca de cargos por apoios e que venham promovendo um preocupante
"aparelhamento" de órgãos públicos
por simpatizantes do PT, muitos dos
quais, aparentemente, sem as devidas credenciais técnicas.
O próprio senador Eduardo Suplicy, apresentando-se como uma
espécie de "reserva moral" petista,
disparou contra a Casa Civil, dizendo
não se sentir bem em ver o governo
adotar "esse tipo de procedimento".
Dirceu mostrou-se chocado com as
críticas, mas o fato é que a opinião do
senador coincide com a dos que esperavam por um mínimo de renovação nos hábitos políticos de Brasília
com o governo do PT.
Infelizmente, também nesse quesito, tão caro às tradições do partido, o
espetáculo não tem sido dos mais alvissareiros.
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