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ESFORÇO DE TRANSPARÊNCIA
Representa um importante
avanço a inclusão, na comissão
que investigará o acidente com o
VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites), de quatro membros não-ligados
à Aeronáutica. De acordo com o ministro da Defesa, José Viegas, a equipe, que hoje conta com oito representantes do CTA (Centro Técnico
Aeroespacial) e do IAE (Instituto de
Aeronáutica e Espaço) -ambos ligados à Aeronáutica-, receberá três
membros originários da comunidade acadêmica e um representante das
famílias das vítimas do desastre.
É claro que, como tudo, a iniciativa
ainda poderia ser aprimorada. Os
membros de fora da Aeronáutica representam apenas um terço da comissão; por que não a metade? Por
que a presidência do comitê coube a
um militar? Por que os representantes de fora serão escolhidos através
de lista tríplice e não indicados diretamente pelas entidades acadêmicas
designadas pelo governo?
Apesar de pertinentes, essas perguntas não devem desmerecer a atitude do governo de conferir maior
transparência às investigações do
acidente. O avanço é significativo sobretudo quando se considera que a
corporação militar tem a tendência
natural de cobrir sob o manto do sigilo seus projetos e diligências.
O ponto central agora é cuidar para
que a comissão tenha mandato não
só para investigar as causas imediatas do acidente como também para
fazer recomendações que melhorem
a segurança das equipes envolvidas
no projeto espacial.
Nunca é demais lembrar que o comitê que investigou a desintegração
do ônibus espacial Columbia acabou
concluindo que deficiências internas
da Nasa no que diz respeito à segurança tiveram um papel tão importante para o desastre quanto as causas mecânicas do acidente.
Se o que se deseja é aprimorar o
programa espacial brasileiro, o país
precisa ser capaz de identificar e de
corrigir também eventuais falhas
nos procedimentos de segurança, e
não apenas declinar o nome da peça
ou do sistema que apresentou problemas e provocou a catástrofe.
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