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São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2003

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ESFORÇO DE TRANSPARÊNCIA

Representa um importante avanço a inclusão, na comissão que investigará o acidente com o VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites), de quatro membros não-ligados à Aeronáutica. De acordo com o ministro da Defesa, José Viegas, a equipe, que hoje conta com oito representantes do CTA (Centro Técnico Aeroespacial) e do IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço) -ambos ligados à Aeronáutica-, receberá três membros originários da comunidade acadêmica e um representante das famílias das vítimas do desastre.
É claro que, como tudo, a iniciativa ainda poderia ser aprimorada. Os membros de fora da Aeronáutica representam apenas um terço da comissão; por que não a metade? Por que a presidência do comitê coube a um militar? Por que os representantes de fora serão escolhidos através de lista tríplice e não indicados diretamente pelas entidades acadêmicas designadas pelo governo?
Apesar de pertinentes, essas perguntas não devem desmerecer a atitude do governo de conferir maior transparência às investigações do acidente. O avanço é significativo sobretudo quando se considera que a corporação militar tem a tendência natural de cobrir sob o manto do sigilo seus projetos e diligências.
O ponto central agora é cuidar para que a comissão tenha mandato não só para investigar as causas imediatas do acidente como também para fazer recomendações que melhorem a segurança das equipes envolvidas no projeto espacial.
Nunca é demais lembrar que o comitê que investigou a desintegração do ônibus espacial Columbia acabou concluindo que deficiências internas da Nasa no que diz respeito à segurança tiveram um papel tão importante para o desastre quanto as causas mecânicas do acidente.
Se o que se deseja é aprimorar o programa espacial brasileiro, o país precisa ser capaz de identificar e de corrigir também eventuais falhas nos procedimentos de segurança, e não apenas declinar o nome da peça ou do sistema que apresentou problemas e provocou a catástrofe.


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