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GUERRA DE INTERESSES
Há muito em jogo na resolução que se negocia no Conselho de Segurança (CS) da ONU sobre
o Iraque. Não se trata apenas nem
principalmente de princípios, mas
também e especialmente de dinheiro
e de disputas geopolíticas.
No que diz respeito à questão financeira, os EUA querem conservar
para si e para seus aliados o controle
sobre a reconstrução, que envolve lucrativos contratos privados, enquanto a França, a Rússia e vários outros
países pretendem internacionalizar a
administração civil iraquiana, abrindo assim oportunidades comerciais
para suas próprias empresas. Embora não seja apenas isso que esteja por
trás das acaloradas discussões no CS
em torno da nova proposta norte-americana, não se deve perder de vista essa dimensão.
Se alguém ainda acredita que não é
dinheiro o que está determinando as
ações, deveria observar o caso da empresa norte-americana New Bridge
Strategies, criada para assessorar firmas que queiram fazer negócios no
Iraque. O que a New Bridge tem a
oferecer? Ela não procura esconder
que seu principal ativo são relações
privilegiadas que mantém com a Casa Branca e a família Bush.
A New Bridge é presidida por Joe
Allbaugh, administrador da campanha de Bush em 2000. Até março, ele
dirigia uma agência do governo. Entre os executivos da empresa, estão
Edward Rogers Jr., e Lanny Griffith,
lobistas que foram assistentes do
presidente e hoje mantêm vínculos
estreitos com o governo. São ligações promíscuas, que exemplificam
a contaminação da esfera pública
por interesses privados, algo que parece inerente à lógica política da administração Bush.
É claro que seria simplismo reduzir
toda a problemática a uma questão
comercial. Mas é impossível deixar
de reconhecer que fatores econômicas são o principal motor das relações internacionais -e é ele que tem
movido a guerra de interesses em
torno da ocupação do Iraque.
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