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São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

O pan-petismo

DAMASCO - É ainda incerto onde vai dar a política externa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas já é notória a diferença em relação ao realizado nessa área por Fernando Henrique Cardoso.
FHC priorizou alguns movimentos que até hoje ocupam cantos de página em jornais do Primeiro Mundo. Por exemplo, a história da Terceira Via, rebatizada com o horrendo nome de Governança Progressiva.
Lula parece apostar em várias áreas. Foi duas vezes aos Estados Unidos, além de Alemanha, França e Inglaterra. No final de seu primeiro ano de mandato, terá visitado mais países que FHC no mesmo período. O petista também delineou para seus diplomatas três eixos onde praticará o seu pan-petismo: América do Sul, África e países árabes.
A visita a cinco países do mundo árabe, que se inicia hoje pela Síria, está inserida na estratégia de Lula. Mais adiante, o brasileiro deseja uma megarreunião com os chefes de Estado dos 22 países da Liga Árabe e seus colegas da América do Sul.
O encontro já tem data quase marcada. Seria em maio, no Brasil. A Síria adora qualquer reunião com mais de três participantes. Aceitou o convite de imediato. Outros vão entrar no convescote. A presença de Eduardo Duhalde na comitiva de Lula reforça a posição dos sul-americanos. O ex-presidente argentino hoje preside o Mercosul.
O grande risco na estratégia do presidente é o tamanho da aposta. Pode não dar em nada. Tornaria a pretensão só um grande fracasso.
Do ponto de vista prático, o resultado mais concreto das iniciativas internacionais de Lula poderá ser coletado aqui, no mundo árabe. Juntos, os países desta região importam cerca de US$ 150 bilhões por ano. Desse total, insignificantes US$ 2,6 bilhões (1,7%) saem do Brasil.
Se as viagens de Lula ajudarem a dobrar a participação brasileira nas importações árabes, será nada para esses reis do petróleo e uma enormidade para o Brasil. A ver.


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