São Paulo, sábado, 04 de janeiro de 2003

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DEMANDA MUNDIAL

A taxa de crescimento dos gastos dos consumidores norte-americanos em bens duráveis foi de 22,8% no terceiro trimestre. Mas, essa voracidade pode estar encontrando seus limites. O pagamento das dívidas - crédito ao consumo e hipotecas residenciais- absorveu 14% da renda pessoal disponível. A temporada de compras deste Natal pode ter sido a pior em muitos anos, a despeito dos descontos e das liquidações.
Até setembro, o déficit em conta corrente dos Estados Unidos foi de US$ 367 bilhões, correspondendo a 76% dos déficits na economia mundial. A desvalorização do dólar, em torno de 14% frente ao euro ao longo de 2002, tende a contrair o déficit externo norte-americano. Se essa fonte de demanda se reduzir, qual região poderia liderar a expansão da economia mundial nos próximos anos? Alguns analistas sugerem que os consumidores asiáticos, sobretudo da China, Índia, Coréia do Sul, impulsionarão a economia mundial.
É verdade que 58% dos habitantes do planeta vivem na Ásia, e que houve um relativo aumento no nível de renda per capita dessa região. Também parece evidente que alguns países asiáticos, ameaçados pela máquina industrial chinesa, estão procurando estimular a demanda interna, a fim de diminuir sua dependência das exportações para os EUA. Mas é pouco provável que a Ásia seja capaz de impulsionar a economia mundial, dada a enorme diferença de escala entre as economias asiáticas e os gigantes EUA e UE.
Até o momento, a contribuição dos asiáticos ao capitalismo mundial tem sido a onda de deflação dos preços industriais, que começou no Japão, atingiu os tigres asiáticos e se agravou com a concorrência da China. As exportações asiáticas ajudaram a manter as taxas de inflação em nível muito baixos ao longo de um dos maiores ciclos de crescimento da história dos Estados Unidos. Dificilmente, esses padrões de crescimento e de consumo serão profundamente alterados num horizonte previsível.



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