São Paulo, segunda-feira, 04 de fevereiro de 2008

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Embargo europeu

A DECISÃO da União Européia de suspender a compra de carne bovina brasileira resultará em perdas consideráveis para produtores e frigoríferos. A Europa absorve 31% das nossas exportações (US$ 1 bilhão em 2007).
O pretexto utilizado foi uma divergência nas negociações. A UE solicitou a indicação de 300 propriedades auditadas para efetuar suas compras. Governo e produtores brasileiros não acataram. Entenderam que uma lista com 300 fazendas seria adequada para países pequenos, mas inaceitável para uma nação continental como o Brasil, com um rebanho de 200 milhões de cabeças. Prepararam uma lista com 2.681 propriedades habilitadas a exportar para a Europa.
De um lado, a UE cede às pressões protecionistas de pecuaristas irlandeses e britânicos, com custos mais altos de produção. Do outro, o Brasil também tem responsabilidade no episódio, pois deixa de tomar medidas básicas para tornar-se menos vulnerável a esse tipo de embargo.
Diferentes missões européias que visitaram o Brasil nos últimos anos apontaram falhas na cadeia de exportação -por exemplo no sistema de rastreamento do gado (Sisbov). O mecanismo, baseado no controle individual do gado, é voluntário no Brasil. Muitos pecuaristas resistem à sua implantação, entre outro motivos, porque ele facilita a fiscalização de impostos devidos.
Tais falhas são inaceitáveis. Cada vez mais, os consumidores exigem o rastreamento dos animais desde o nascimento, o que implica custos, mas assegura a demanda. Ganhar fatias desse mercado altamente competitivo exige progresso técnico e certificação da origem dos produtos.
O país deve combater o protecionismo, mas precisa também fazer a lição de casa: universalizar o Sisbov, extinguir a aftosa. Está em jogo a liderança mundial nas exportações de carne.


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