|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Embargo europeu
A DECISÃO da União Européia de suspender a compra de carne bovina brasileira resultará em perdas consideráveis para produtores e frigoríferos. A Europa absorve 31%
das nossas exportações (US$ 1
bilhão em 2007).
O pretexto utilizado foi uma
divergência nas negociações. A
UE solicitou a indicação de 300
propriedades auditadas para efetuar suas compras. Governo e
produtores brasileiros não acataram. Entenderam que uma lista com 300 fazendas seria adequada para países pequenos, mas
inaceitável para uma nação continental como o Brasil, com um
rebanho de 200 milhões de cabeças. Prepararam uma lista com
2.681 propriedades habilitadas a
exportar para a Europa.
De um lado, a UE cede às pressões protecionistas de pecuaristas irlandeses e britânicos, com
custos mais altos de produção.
Do outro, o Brasil também tem
responsabilidade no episódio,
pois deixa de tomar medidas básicas para tornar-se menos vulnerável a esse tipo de embargo.
Diferentes missões européias
que visitaram o Brasil nos últimos anos apontaram falhas na
cadeia de exportação -por
exemplo no sistema de rastreamento do gado (Sisbov). O mecanismo, baseado no controle individual do gado, é voluntário no
Brasil. Muitos pecuaristas resistem à sua implantação, entre outro motivos, porque ele facilita a
fiscalização de impostos devidos.
Tais falhas são inaceitáveis.
Cada vez mais, os consumidores
exigem o rastreamento dos animais desde o nascimento, o que
implica custos, mas assegura a
demanda. Ganhar fatias desse
mercado altamente competitivo
exige progresso técnico e certificação da origem dos produtos.
O país deve combater o protecionismo, mas precisa também
fazer a lição de casa: universalizar o Sisbov, extinguir a aftosa.
Está em jogo a liderança mundial
nas exportações de carne.
Texto Anterior: Editoriais: Pacote antiacidente Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Matilde e o "companheiro cartão' Índice
|