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Novos controles
MAIS UMA vez, surgem notícias da ineficiência estatal na fiscalização das
contrapartidas do Bolsa Família.
Segundo reportagem desta Folha, o Ministério do Desenvolvimento Social ignora se 4,9 milhões de alunos -30% dos beneficiados- estão cumprindo a exigência de freqüência escolar.
A situação já foi pior. Em 2004,
o governo admitiu que não fiscalizava a freqüência porque o sistema de acompanhamento estava em reformulação. Um programa como o Bolsa Família, se não
vier associado a contrapartidas,
torna-se mera doação de dinheiro. É a exigência de que as crianças estudem e aprendam que faz
dele instrumento para diminuir,
a longo prazo, a desigualdade.
É preciso conceber novos mecanismos de controle para que o
programa incentive, além da freqüência, o desempenho. A idéia
está em debate no governo e uma
das propostas é pagar um bônus
a famílias de alunos aprovados.
Se bem aplicado, o bônus pode
servir como incentivo para que
os pais cobrem mais qualidade
de ensino. O problema, que precisa ser muito bem ponderado, é
que esse tipo de política tende a
favorecer aprovações automáticas em massa. A fim de coibir essa tendência, o governo precisaria acompanhar o desempenho
de cada escola. Instrumentos para isso existem: a Prova Brasil,
que permite comparar as notas
de todas as instituições do ensino fundamental.
Na faixa etária de 7 a 14 anos,
mais de 90% das crianças, recebendo ou não Bolsa Família, já
estudam. Da maneira como está
estruturado o programa em suas
condicionalidades, ele ataca um
problema já superado: o da escolarização nessa faixa etária.
É necessário, agora, enfrentar
a questão da péssima qualidade
do ensino. Encontrar mecanismos que combinem justiça social
e apoio ao mérito individual é
hoje um dos maiores desafio dos
educadores brasileiros.
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