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MAU EXEMPLO NA CÂMARA
É um retrocesso o ato que concede aos presidentes de comissões permanentes e provisórias da
Câmara dos Deputados total poder
de nomeação para cargos de confiança. Com a decisão, aprovada por
unanimidade pela Mesa Diretora da
Casa, fica eliminada a votação no
âmbito das comissões para ratificar a
nomeação de assessores indicados
pelos presidentes de cada uma delas.
Em resumo, a medida liberou os
presidentes dessas comissões a indicar funcionários de confiança não
apenas sem concurso como também
sem a necessidade de ratificação por
alguma outra instância.
Pode-se argumentar que o alcance
de uma decisão como essa não chega
a ser catastrófico, mas tampouco é
desprezível. Atualmente há na Câmara 20 comissões permanentes.
Além delas, funcionam três CPIs e
uma comissão especial. Ao todo, são
24 comissões, que permitiriam a
contratação de um total 272 assessores na categoria dos chamados CNEs
(Cargos de Natureza Especial), que
dispensam realização de concurso.
Há, além disso, um aspecto simbólico a ser levado em conta. A decisão
impressiona mal, sobretudo num
momento em que mais uma vez está
em evidência a escandalosa prática
de oferecer emprego a parentes, apadrinhados e amigos de políticos na
administração pública.
Com essa nova medida, a Mesa da
Câmara, comandada pelo paladino
público do nepotismo, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), apenas
manifesta sua complacência em relação a esse tipo de abuso. O ato vai
exatamente na contramão do que seria desejável. Com ele, sai fortalecida
a iniciativa do compadrio e do empreguismo em detrimento dos critérios de mérito que precisam sempre
nortear a contratação de funcionários pagos com dinheiro público.
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