São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2000


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ELIANE CANTANHÊDE

Guerra de rejeições

BRASÍLIA - A três meses das eleições, os índices de rejeição têm um peso tão ou quase tão importante quanto os de intenção de voto. No segundo turno, são decisivos.
A pesquisa Datafolha publicada no domingo mostra, por exemplo, que Fernando Collor é rejeitado por 82% dos eleitores que dizem conhecê-lo. Mesmo conquistando o direito de concorrer, ele não tem a menor chance de se eleger prefeito de São Paulo.
No caso de Geraldo Alckmin, a rejeição é algo dramática. Ele só tem 4% das intenções de voto. Como, quando e onde poderá crescer com uma rejeição de 61%?
No de Paulo Maluf: 64% dizem que não votariam nele de forma nenhuma. Isso praticamente neutraliza o seu segundo lugar e o seu patamar de 18% de votos. Ele está firme onde está, mas não tem muito como subir.
Marta Suplicy, ao contrário, mantém a liderança e tem muito espaço para crescer, porque ostenta o menor índice de rejeição (37%). Mas há dois sinais amarelos aí.
O primeiro é o índice de rejeição ao PT, que costuma ser alto. O segundo é que o tempo e a campanha correm contra Marta. Quem é PT sempre apanha, quem é líder apanha mais e quem é mulher pode ficar exposta a todo tipo de baixaria.
Se houve uma surpresa na pesquisa, pelo menos para mim, foi a rejeição de Luiza Erundina. Como prefeita, Erundina enfrentou a má vontade da elite, da imprensa, do tribunal de contas e do próprio PT sindicalista que a elegera. Saiu com a popularidade no chinelo.
Hoje, está tecnicamente empatada com Maluf no segundo lugar (18% e 16%) e tem 46% de rejeição. Não é pequena, mas é a segunda menor.
A eleição tem tudo para embolar nesses três -Marta, Maluf e Erundina- 0já no primeiro turno, antecipando a guerra que se espera para o segundo. Uma guerra de insultos e, como consequência, de rejeições.
Depois de ouvir poucas e boas de todos e de cada um, o eleitor não partidário não vai votar a favor. Vai votar contra o pior.


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