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ELIANE CANTANHÊDE
Guerra de rejeições
BRASÍLIA - A três meses das eleições, os índices de rejeição têm um peso
tão ou quase tão importante quanto
os de intenção de voto. No segundo
turno, são decisivos.
A pesquisa Datafolha publicada no
domingo mostra, por exemplo, que
Fernando Collor é rejeitado por 82%
dos eleitores que dizem conhecê-lo.
Mesmo conquistando o direito de
concorrer, ele não tem a menor chance de se eleger prefeito de São Paulo.
No caso de Geraldo Alckmin, a rejeição é algo dramática. Ele só tem
4% das intenções de voto. Como,
quando e onde poderá crescer com
uma rejeição de 61%?
No de Paulo Maluf: 64% dizem que
não votariam nele de forma nenhuma. Isso praticamente neutraliza o
seu segundo lugar e o seu patamar de
18% de votos. Ele está firme onde está, mas não tem muito como subir.
Marta Suplicy, ao contrário, mantém a liderança e tem muito espaço
para crescer, porque ostenta o menor
índice de rejeição (37%). Mas há dois
sinais amarelos aí.
O primeiro é o índice de rejeição ao
PT, que costuma ser alto. O segundo é
que o tempo e a campanha correm
contra Marta. Quem é PT sempre
apanha, quem é líder apanha mais e
quem é mulher pode ficar exposta a
todo tipo de baixaria.
Se houve uma surpresa na pesquisa, pelo menos para mim, foi a rejeição de Luiza Erundina. Como prefeita, Erundina enfrentou a má vontade
da elite, da imprensa, do tribunal de
contas e do próprio PT sindicalista
que a elegera. Saiu com a popularidade no chinelo.
Hoje, está tecnicamente empatada
com Maluf no segundo lugar (18% e
16%) e tem 46% de rejeição. Não é
pequena, mas é a segunda menor.
A eleição tem tudo para embolar
nesses três -Marta, Maluf e Erundina- 0já no primeiro turno, antecipando a guerra que se espera para o
segundo. Uma guerra de insultos e,
como consequência, de rejeições.
Depois de ouvir poucas e boas de todos e de cada um, o eleitor não partidário não vai votar a favor. Vai votar
contra o pior.
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