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CRESCIMENTO E JUROS
O Fed (banco central americano) elevou em 0,25 ponto percentual a sua taxa de juro básica.
Com isso, a "federal funds rate" subiu para 1,25%. Trata-se do primeiro
movimento de alta desde janeiro de
2001, quando a autoridade monetária começou a reduzir a taxa para
conter os efeitos da desvalorização
do mercado acionário. O Fed sinalizou ainda que o processo de alta dos
juros deverá ocorrer de forma gradual, levando em conta a retomada
da economia e os índices de inflação.
A atividade econômica nos EUA
cresce há dez trimestres consecutivos. No primeiro trimestre, a expansão do PIB foi de 3,9%. Quanto à inflação, o comunicado do Comitê de
Mercado Aberto sinalizou que, embora os índices mostrem elevação
dos preços, "uma parcela desse aumento parece ser conseqüência de
fatores transitórios". Sendo assim, o
Comitê acredita que "a política monetária acomodativa pode ser removida num ritmo comedido".
Esse movimento gradual de elevação dos juros deve ocorrer para evitar
turbulências nos mercados de ativos
financeiros e imobiliários dos EUA.
O estoque de dívidas na economia
americana alcançou US$ 34,7 trilhões no primeiro trimestre de 2004
(mais de três vezes o PIB de US$ 11,4
trilhões). As famílias aproveitaram
as baixas taxas de juros para acumular dívidas de US$ 9,5 trilhões, em hipotecas residenciais, empréstimos
para carros, cartão de crédito e outras formas de financiamento pessoal. As dívidas das famílias cresceram 11% no primeiro trimestre de
2004. Por sua vez, as corporações
acumularam dívidas de US$ 7,5 trilhões, com taxa de crescimento de
4,1% no mesmo período. Nesse contexto, o mercado imobiliário permanece um dos mais vulneráveis a um
processo de alta dos juros.
De todo modo, foi dissipada, ao
menos por ora, a preocupação dos
mercados financeiros globais de que
o Fed pudesse agir mais agressivamente para estancar a ameaça de inflação. Espera-se que o novo ciclo de
alta dos juros ocorra mediante pequenos aumentos ao longo do segundo semestre de 2004 e 2005, levando a taxa básica para a "faixa de
estabilização", entre 3% e 4% ao ano.
Essa opção pelo gradualismo poderá manter o atual dinamismo da
economia e do comércio mundial,
com efeitos benéficos sobre os mercados emergentes. Ainda restam incertezas, tais como as crises geopolíticas no Oriente Médio e o dinamismo econômico da China. Todavia
parece inegável que se reduziu uma
fonte de turbulências. Com isso, o
segundo semestre deverá se iniciar
com perspectivas mais otimistas.
Para o Brasil, um país que ainda é
bastante dependente dos fluxos internacionais de capitais, são boas notícias. A redução das incertezas globais sancionada pela decisão do Fed
poderá compor um ambiente favorável para o Banco Central reiniciar o
processo de compra de reservas internacionais -passo fundamental
para a redução da vulnerabilidade externa da economia brasileira.
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