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TRAGÉDIA NA RÚSSIA
Só quem já renunciou à própria
humanidade e converteu-se
num monstro poderia conceber invadir uma escola no dia mais festivo
do ano e fazer reféns centenas de
crianças, seus familiares e professores, ameaçando assassiná-los caso
exigências políticas não fossem atendidas. Pior mesmo só cumprir a infame ameaça, como os terroristas
tchetchenos acabaram fazendo na
Escola Pública Nš1 na cidade de Beslan, na Ossétia do Norte, Rússia.
O resultado da ação terrorista, não
sem a interferência pelo menos desastrada das forças de segurança russas, foi funesto: mais de 200 mortos
e centenas de feridos. Não se tem notícia de outro atentado dessa magnitude visando especificamente crianças. Com esse ataque, o terrorismo
internacional galgou um novo patamar de selvageria, se é que isso ainda
era possível.
Não resta nenhuma dúvida de que
os rebeldes tchetchenos e seus colaboradores são os responsáveis pela
tragédia de Beslan, mas isso não deve servir de pretexto para que se deixe
de criticar a política antiterrorismo
do presidente russo, Vladimir Putin.
O histórico da Rússia ao lidar com
crises de reféns é desastroso. Terroristas tchetchenos já realizaram ao
menos duas grandes ações de seqüestro, uma num teatro em Moscou em 2002 e outra num hospital no
Daguestão em 1995. Nas duas ocasiões, a polícia interveio, provocando
a morte de mais de 100 pessoas.
Já era, portanto, de esperar que o
país contasse com uma unidade antiterrorista capaz de lidar profissionalmente com situações dessa natureza.
Fica a sensação de que Putin, ao querer demonstrar firmeza com os rebeldes tchetchenos -bandeira que
lhe trouxe importantes dividendos
políticos-, não estava bem preparado para preservar vidas inocentes.
As imagens de crianças desesperadas correndo seminuas e ensangüentadas foram o sinistro apogeu
de uma semana terrível em que a sanha terrorista atacou com sua odiosa
vileza em vários pontos do planeta.
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