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COVAS E A INTERNET
Quando governos decidem oferecer
áreas públicas para exploração por
empresas privadas ou distribuir concessões de serviços públicos, a primeira providência é organizar um
processo que assegure igualdade de
condições a todos os interessados em
disputá-las. O governo paulista, no
entanto, dá a entender que esse princípio da administração pública não
se aplica ao novo mundo da economia eletrônica ou virtual.
A Secretaria da Educação do Estado
de São Paulo e uma empresa de prestação de serviços na Internet firmaram uma parceria que permitirá a
oferta de acessos para escolas paulistas (quase 5.000 conexões). O objetivo é oferecer e-mail (correio eletrônico) gratuito a 6 milhões de alunos.
Talvez não haja outras empresas interessadas em oferecer e-mail gratuito em troca do cadastro de alunos
paulistas. Talvez. Não consta que a
Secretaria da Educação tenha feito
uma consulta pública sobre o assunto. Ou uma licitação. Apenas se
anunciou o "acordo" entre uma empresa privada e a secretaria de Estado.
Ora, qualquer analista de mercado
sabe que o valor das empresas na Internet é uma decorrência natural do
tamanho do seu público. Como qualquer mídia, o valor de anúncios depende do tamanho da audiência.
Ou seja, mesmo que a empresa esteja oferecendo o serviço e os acessos
gratuitamente, o governo paulista está contribuindo para rentabilizar um
projeto empresarial privado.
É compreensível que os governantes tenham pressa na informatização
das escolas. Mas a urgência do desafio não deve comprometer a prudência e equidade, como já ocorreu em
outros casos de afã modernizador.
Os novos mercados eletrônicos ainda não têm leis ou regulação desenvolvidos. É um domínio que prima
pela rapidez. Mas também nesse caso a velocidade, além de inimiga da
perfeição, pode colocar em risco a
boa gestão não apenas de recursos,
mas do próprio espaço público.
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