São Paulo, sexta-feira, 04 de outubro de 2002

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EPIDEMIA DE VIOLÊNCIA

O dado contraria o senso comum, mas leva a chancela da Organização Mundial de Saúde (OMS): o suicídio é a causa de morte violenta que mais mata no mundo, superando os óbitos provocados por homicídios e por guerras. Segundo a organização, do 1,6 milhão de mortes violentas registrado em 2000, o suicídio foi a causa de 815 mil, contra 520 mil homicídios e 310 mil em consequência de conflitos. Esse é um dos achados contidos no primeiro relatório sobre mortes violentas da OMS, um calhamaço de 346 páginas que foi divulgado ontem.
As maiores taxas de suicídio foram verificadas em países do Báltico, como Lituânia e Letônia. Já os maiores índices de homicídio estão em países subdesenvolvidos da África e das Américas. No Brasil, os homicídios superam largamente os suicídios. O total de assassinatos é seis vezes maior que o de pessoas que tiram a própria vida. Na Europa, na Austrália e no leste da Ásia, a taxa de suicídios é o dobro da de homicídios.
A distribuição da violência não é uniforme geográfica, econômica ou socialmente. Do total de óbitos violentos, apenas 10% se deram em países desenvolvidos. Dos homicídios, as vítimas preferenciais (mais de 75%) são homens, a maioria deles entre 15 e 29 anos.
A premissa do trabalho é a de que a violência é um problema que pode ser prevenido. Esse tipo de abordagem não é novo. Surgiu em 1983, quando os CDCs, o serviço de vigilância epidemiológica dos EUA, inauguraram um departamento de epidemiologia da violência, visando a estabelecer os padrões de ocorrência desse fenômeno.
Se os resultados estatísticos da OMS contrariam o senso comum, o mesmo não se pode dizer de suas conclusões. A organização mostra que a violência declina quando o nível educacional e a renda da população aumentam. A mensagem geral é a de que a violência não é inteiramente inevitável. Como outros males, ela pode e deve ser combatida.



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