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EPIDEMIA DE VIOLÊNCIA
O dado contraria o senso comum, mas leva a chancela da
Organização Mundial de Saúde
(OMS): o suicídio é a causa de morte
violenta que mais mata no mundo,
superando os óbitos provocados por
homicídios e por guerras. Segundo a
organização, do 1,6 milhão de mortes violentas registrado em 2000, o
suicídio foi a causa de 815 mil, contra
520 mil homicídios e 310 mil em consequência de conflitos. Esse é um
dos achados contidos no primeiro
relatório sobre mortes violentas da
OMS, um calhamaço de 346 páginas
que foi divulgado ontem.
As maiores taxas de suicídio foram
verificadas em países do Báltico, como Lituânia e Letônia. Já os maiores
índices de homicídio estão em países
subdesenvolvidos da África e das
Américas. No Brasil, os homicídios
superam largamente os suicídios. O
total de assassinatos é seis vezes
maior que o de pessoas que tiram a
própria vida. Na Europa, na Austrália
e no leste da Ásia, a taxa de suicídios
é o dobro da de homicídios.
A distribuição da violência não é
uniforme geográfica, econômica ou
socialmente. Do total de óbitos violentos, apenas 10% se deram em países desenvolvidos. Dos homicídios,
as vítimas preferenciais (mais de
75%) são homens, a maioria deles
entre 15 e 29 anos.
A premissa do trabalho é a de que a
violência é um problema que pode
ser prevenido. Esse tipo de abordagem não é novo. Surgiu em 1983,
quando os CDCs, o serviço de vigilância epidemiológica dos EUA,
inauguraram um departamento de
epidemiologia da violência, visando
a estabelecer os padrões de ocorrência desse fenômeno.
Se os resultados estatísticos da
OMS contrariam o senso comum, o
mesmo não se pode dizer de suas
conclusões. A organização mostra
que a violência declina quando o nível educacional e a renda da população aumentam. A mensagem geral é
a de que a violência não é inteiramente inevitável. Como outros males, ela
pode e deve ser combatida.
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