São Paulo, sexta-feira, 04 de outubro de 2002 |
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ELIANE CANTANHÊDE Lula, FHC, Serra
BRASÍLIA - Não deixa de ser curioso o fato de FHC ter sido um ausente na
campanha do tucano e aliado José
Serra, mas ter passeado vez ou outra
-e positivamente- pelo programa
do oposicionista Lula. Inclusive ontem, no último e mais importante
programa de TV do primeiro turno.
Alegando "pesquisas qualitativas",
Serra tirou FHC do vídeo e dos palanques. Engavetou as peças de apoio
do presidente e só abriu palanque para ele uma vez -em Minas, a seis
dias da eleição. Não resultou em votos diretos do eleitorado mineiro,
mas Serra subiu dois pontos no Datafolha depois disso. Coincidência?
Talvez alegando a mesma coisa
-pesquisas qualitativas-, a campanha de Lula usou não só imagens
de FHC nas "Diretas-Já", lembrando
as origens comuns como imagens
mais atuais, sugerindo que, de alguma forma, um precisa do outro.
Aliás, o tucano Mário Covas foi estrela no programa de ontem do PT. Para a sorte de Serra, Lila Covas abriu o
do PSDB.
Como entender a lógica dos marqueteiros e das pesquisas qualitativas? Se FHC tem uma imagem tão
ruim que não pode aparecer com Serra, como pode ter uma imagem tão
boa que convém aparecer com Lula?
Durma-se com um barulho desses!
Em Brasília e no tucanato, estabeleceu-se uma discussão do tipo "o ovo
e a galinha": foi a campanha de Serra
que desdenhou FHC ou foi FHC que
desdenhou Serra fazendo acenos tão
descarados para Lula? Eles, que são
brancos, que se entendam. Mas nenhuma das duas versões está totalmente errada.
O fato é que FHC não quer perder
em nenhuma hipótese. Se der Serra, é
o seu candidato. Se for Lula, ele jamais trabalhou contra, muito pelo
contrário. O risco, porém, é o tiro sair
pela culatra: ao tentar ficar com os
dois, acabar sem nenhum. FHC pode
perder um pouco mais com Lula e
um pouco menos com Serra. Mas não
ganhar com nenhum deles.
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