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São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2003

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A VERSÃO DE BUSH

Ao menos na política, a versão importa mais que o fato. É nesse aforismo que reside a justificativa para a obstinação com a qual George W. Bush procura negar as evidências produzidas por seus próprios homens no Iraque e ainda insiste em afirmar que Saddam Hussein representava "um perigo para o mundo".
A declaração de Bush ocorre apenas um dia depois de o chefe dos inspetores de armas da coalizão anglo-americana no Iraque, David Kay, ter ido ao Congresso dos EUA para admitir que, após quase seis meses de buscas, nenhuma arma de destruição em massa foi encontrada. Bush e o premiê britânico, Tony Blair, tentaram convencer o mundo a apoiar a invasão ao Iraque afirmando que Saddam Hussein mantinha arsenais químicos e biológicos e estava prestes a obter poderio nuclear, representando, assim, um perigo planetário.
A fala de Bush também se dá em meio a uma série de más notícias para o presidente. No Iraque, as tropas norte-americanas enfrentam emboscadas diárias de grupos guerrilheiros que vêm custando a vida de três a seis soldados por semana. E isso a um custo astronômico, de US$ 1 bilhão por semana, excluídas as despesas com a reconstrução do país e com programas de auxílio humanitário.
Na área econômica, a situação não é muito mais favorável. Embora a economia dê sinais de recuperação, há dúvidas sobre sua extensão, sustentabilidade e capacidade de gerar empregos, situação que poderia afetar a eleição do ano que vem.
O resultado é uma crescente insatisfação na opinião pública dos EUA. Ontem foi divulgada uma nova sondagem "The New York Times"/CBS News que, pela primeira vez, mostra uma maioria de americanos mais crítica do que favorável à gestão de Bush. É claro que pesquisas, 13 meses antes do pleito, têm valor muito relativo. Elas servem, no entanto, para indicar que o presidente enfrenta sérios problemas e que a reeleição não será tão fácil como já se imaginou no passado.


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