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CLÓVIS ROSSI
Guaribas é aqui
SÃO PAULO - A sensação empírica de que viver em São Paulo foi se tornando um martírio crescente ganha agora, com os dados do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, caráter de evidência científica.
A cidade, que estava entre as 15 melhores do país em 1991, desaparece da
lista até das 30 melhores, para não
falar da queda na classificação da região metropolitana de que São Paulo
é a cabeça.
Suspeito até que, se esse tipo de levantamento tivesse começado há
mais tempo, digamos em 1981, a queda de São Paulo tivesse sido maior.
O problema é que não se trata apenas de São Paulo. Todas as seis maiores aglomerações urbanas (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte,
Porto Alegre, Recife e Salvador) desceram no ranking de qualidade.
Essa situação cria dois tipos de problema: primeiro, dificulta a vida não
só de seus habitantes mas também
dos governantes (municipais, estaduais e o federal).
Como as regiões metropolitanas
são a grande câmara de eco da República, a natural insatisfação com o
declínio faz parecer que todo o país
está indo ladeira abaixo.
Segundo problema: embora sejam
áreas bem mais ricas que os grotões
do Nordeste ou do Norte, por exemplo, elas abrigam bolsões de miséria,
com todo o cortejo que a acompanha
nos grandes centros (desenraizamento, violência, degradação humana e
urbana etc).
Como diz o caderno especial desta
Folha, "há dezenas de Guaribas na
Grande São Paulo, mas o Fome Zero
decidiu construir o seu símbolo na
Guaribas do interior do Piauí".
Há, em todo o caso, uma boa notícia: o ministro Antonio Palocci Filho
tomou a devida nota dessa observação e se diz favorável a investimentos
nessas áreas. Se não demorar tudo o
que tem demorado qualquer mexida
do governo, pode ser o mais saudável
dos investimentos.
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