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São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Guaribas é aqui

SÃO PAULO - A sensação empírica de que viver em São Paulo foi se tornando um martírio crescente ganha agora, com os dados do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, caráter de evidência científica.
A cidade, que estava entre as 15 melhores do país em 1991, desaparece da lista até das 30 melhores, para não falar da queda na classificação da região metropolitana de que São Paulo é a cabeça.
Suspeito até que, se esse tipo de levantamento tivesse começado há mais tempo, digamos em 1981, a queda de São Paulo tivesse sido maior.
O problema é que não se trata apenas de São Paulo. Todas as seis maiores aglomerações urbanas (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Salvador) desceram no ranking de qualidade.
Essa situação cria dois tipos de problema: primeiro, dificulta a vida não só de seus habitantes mas também dos governantes (municipais, estaduais e o federal).
Como as regiões metropolitanas são a grande câmara de eco da República, a natural insatisfação com o declínio faz parecer que todo o país está indo ladeira abaixo.
Segundo problema: embora sejam áreas bem mais ricas que os grotões do Nordeste ou do Norte, por exemplo, elas abrigam bolsões de miséria, com todo o cortejo que a acompanha nos grandes centros (desenraizamento, violência, degradação humana e urbana etc).
Como diz o caderno especial desta Folha, "há dezenas de Guaribas na Grande São Paulo, mas o Fome Zero decidiu construir o seu símbolo na Guaribas do interior do Piauí".
Há, em todo o caso, uma boa notícia: o ministro Antonio Palocci Filho tomou a devida nota dessa observação e se diz favorável a investimentos nessas áreas. Se não demorar tudo o que tem demorado qualquer mexida do governo, pode ser o mais saudável dos investimentos.


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