São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008 |
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CLÓVIS ROSSI Senta que o leão é manso
SÃO PAULO - "Lex", coluna do
jornal britânico "Financial Times",
mistura informações e comentários
com aquele humor cáustico que é
uma especialidade britânica.
O "melhor de Lex" de ontem abusava da causticidade já no título: "O
mundo sobrevive à Segunda-Feira
do Derretimento" (tudo em maiúsculas no original).
Sim, é surpreendente que o mundo não tenha acabado na segunda-feira, "quando a Câmara dos Representantes votou contra o plano
Paulson [de Hank Paulson, secretário do Tesouro], (e) os mercados no
mundo todo reagiram como se o
prego final tivesse sido colocado no
caixão da vida moderna".
Sensacional. Só os ingleses são
capazes dessa irônica contundência
no meio do velório global. Do meu
ponto de vista, é alentador ver que
aumenta, devagarinho, o coro dos
que dizem que a crise é séria, sim,
mas pode não ser o fim do mundo
nem ter o tamanho que os mercados financeiros dizem que tem.
A propósito, "O melhor de Lex"
acrescenta: "Naturalmente, os investidores exagerarão a melancolia
do mesmo modo que a exuberância
irracional reinou suprema nos bons
tempos."
Na vida real, a situação é, sim,
complicada, mas nem remotamente se parece ao derretimento apontado na segunda-feira e nos dias
subseqüentes. Veja-se, a propósito,
o extrato da crise que a Folha puxou ontem para a capa: "Mesmo
que a Câmara aprove hoje [sexta-feira] o pacote, teme-se que a economia dos EUA não escape da
recessão".
Teme-se? Meu Deus do céu, se
houvesse, na vida real, o derretimento que o noticiário aponta nos
mercados, não é que se deva temer
uma recessão; ela já estaria instalada e, pior, estaríamos aceleradamente rumo à depressão.
O melhor conselho é o velho
"senta que o leão é manso". Se não
for, agora é tarde para correr.
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