São Paulo, segunda-feira, 04 de novembro de 2002

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CIÊNCIA E INOVAÇÃO

Trocas de governo são sempre uma boa ocasião de perguntar se as estruturas com as quais o Estado conta para lidar com as grandes questões do país estão adequadas. Embora muitos presidentes tenham no passado tentado resolver problemas apenas dedicando-lhe um ministério, há casos em que um redesenho institucional pode ser útil.
Alguns especialistas acreditam que o setor de ciência e tecnologia (C&T) poderia ser especialmente beneficiado por uma reestruturação. De um lado, a universidade pública brasileira possui alguns nichos que produzem ciência de ponta. De outro, o país conta com um setor produtivo relativamente dinâmico, que foi capaz de sobreviver à globalização, por exemplo. Só que o esforço da universidade não se traduz num grande número de inovações na indústria. O desafio é justamente o de tentar tornar o setor produtivo mais inovador, diversificando e agregando valor à pauta de exportações do Brasil.
Aqui, existem vários caminhos possíveis e não necessariamente excludentes. É possível agir tanto sobre as universidades, tentando direcionar mais suas pesquisas para a obtenção de patentes, como sobre o setor produtivo, estimulando-o a procurar em universidades e institutos tecnológicos soluções para os seus problemas. Para tanto, é preciso que as estruturas de Estado -universidades, agências de fomento, institutos e ministérios- trabalhem de forma harmônica e complementar. É o caso de perguntar, por exemplo, se as universidades públicas devem permanecer sob a alçada do Ministério da Educação ou se estariam mais bem servidas pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que promete ouvir amplos setores da sociedade, poderia, antes de apenas preencher os ministérios, debater com especialistas a oportunidade de redesenhar as políticas e os órgãos de apoio à C&T.


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