São Paulo, segunda-feira, 04 de novembro de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

Os governadores e o PT

BRASÍLIA - Itamar Franco apresentou como uma de suas condições para apoiar Lula a permanência do deputado federal Nilmário Miranda como candidato do PT ao governo de Minas Gerais. Não poderia ser alguém com mais chances.
O PT tinha outras opções. Parlamentar atuante na área de direitos humanos, Nilmário era dado como inviável eleitoralmente para o governo mineiro. Itamar queria eleger Aécio Neves. Não desejava sombra para o seu escolhido. Bateu o pé.
A estratégia deu certo para Itamar e para o PT nacional.
Lula teve 53% dos votos válidos em Minas Gerais no primeiro turno. Pulou para 66,4% no segundo turno. Aécio Neves foi eleito governador mineiro logo na primeira votação. E Nilmário até não fez feio, muito pelo contrário, obtendo 30,7% -prova de que um candidato mais forte teria dado trabalho para o tucano.
Tudo isso para dizer o quê? A prioridade máxima do PT foi eleger Lula. Pode parecer óbvio, mas não é. A cúpula petista aprovou candidaturas do partido nos Estados para ter palanques próprios, mas com a condição de não criar dificuldades excessivas para outros possíveis aliados nas 27 unidades da Federação.
O resultado deixou o PT com apenas três governos estaduais menores (Acre, Mato Grosso do Sul e Piauí). A interpretação mais comum é que Lula foi mais vitorioso que a sua sigla. É verdade. Foi o preço pago pelo petista para ganhar o Planalto.
Agora, olhando o leite derramado, alguns dirão que o PT errou. Jogou pela janela a oportunidade de fazer mais governadores. A onda Lula teria comportado candidatos mais fortes nos Estados. O PT poderia ter tratorado e vencido em mais locais.
Ocorre que os petistas não queriam correr o risco de perder a quarta eleição presidencial consecutiva. Procuraram errar o menos possível. Entregaram aquilo que os aliados -explícitos ou tácitos- pediam. Deu certo. É um sinal de como será o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.


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