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FERNANDO RODRIGUES
Os governadores e o PT
BRASÍLIA - Itamar Franco apresentou como uma de suas condições para apoiar Lula a permanência do deputado federal Nilmário Miranda
como candidato do PT ao governo de
Minas Gerais. Não poderia ser alguém com mais chances.
O PT tinha outras opções. Parlamentar atuante na área de direitos
humanos, Nilmário era dado como
inviável eleitoralmente para o governo mineiro. Itamar queria eleger Aécio Neves. Não desejava sombra para
o seu escolhido. Bateu o pé.
A estratégia deu certo para Itamar
e para o PT nacional.
Lula teve 53% dos votos válidos em
Minas Gerais no primeiro turno. Pulou para 66,4% no segundo turno.
Aécio Neves foi eleito governador mineiro logo na primeira votação. E
Nilmário até não fez feio, muito pelo
contrário, obtendo 30,7% -prova de
que um candidato mais forte teria
dado trabalho para o tucano.
Tudo isso para dizer o quê? A prioridade máxima do PT foi eleger Lula.
Pode parecer óbvio, mas não é. A cúpula petista aprovou candidaturas
do partido nos Estados para ter palanques próprios, mas com a condição de não criar dificuldades excessivas para outros possíveis aliados nas
27 unidades da Federação.
O resultado deixou o PT com apenas três governos estaduais menores
(Acre, Mato Grosso do Sul e Piauí). A
interpretação mais comum é que Lula foi mais vitorioso que a sua sigla. É
verdade. Foi o preço pago pelo petista
para ganhar o Planalto.
Agora, olhando o leite derramado,
alguns dirão que o PT errou. Jogou
pela janela a oportunidade de fazer
mais governadores. A onda Lula teria comportado candidatos mais fortes nos Estados. O PT poderia ter tratorado e vencido em mais locais.
Ocorre que os petistas não queriam
correr o risco de perder a quarta eleição presidencial consecutiva. Procuraram errar o menos possível. Entregaram aquilo que os aliados -explícitos ou tácitos- pediam. Deu certo.
É um sinal de como será o governo de
Luiz Inácio Lula da Silva.
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