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ALÉM DA GREVE
São evidentes os sinais de que
a "greve" de ônibus em São Paulo não passou de uma trama entre
empresários do setor de transportes
e o sindicato de trabalhadores para
tentar forçar mudanças na licitação
para o novo sistema de transporte
coletivo que a prefeitura conduz. A
palavra mais indicada para qualificar
esse locaute parece ser "chantagem".
Não se pretende, é óbvio, negar aos
empresários e trabalhadores o direito de opinar na licitação. Mas é preciso deixar claro que o poder concedente é a Prefeitura de São Paulo. Cabe a ela, legitimada pelos votos de
milhões de paulistanos, definir as regras sob as quais vai funcionar o
transporte público em São Paulo.
Se empresários e trabalhadores
não estiverem de acordo e julgarem
haver ilegalidades na licitação, devem recorrer ao Judiciário. O que não
podem fazer é partir para uma paralisação abusiva, que deixou cerca de 3
milhões de pessoas sem transporte e
assim promoveu o caos no já conturbado trânsito paulistano.
Como se não bastasse, os "grevistas" ainda desrespeitaram decisão do
TRT (Tribunal Regional do Trabalho), que determinou a manutenção
de 80% da frota nos horários de pico
a título de preservação de serviços essenciais, e depredaram veículos de
empresas que preferiram não participar do movimento.
Atitudes como essas são intoleráveis numa democracia. A cidade não
pode ficar refém de algumas dúzias
de empresários em conluio com um
sindicato subserviente dispostos a
chantagear o poder público para
manter um "status quo" que lhes é
favorável. Ao que parece, o grande
"vício" da licitação proposta pela
prefeitura é abrir a disputa a empresários de fora da cidade, trazendo assim um pouco mais de saudável concorrência para um setor no qual é notória a falta de competição.
A prefeitura deve manter-se firme e
resistir à pressão espúria dos que
pretendem manter seus privilégios à
custa da população. A nova licitação
precisa seguir o seu curso.
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