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CLÓVIS ROSSI
O PT expulsa o PT
SÃO PAULO - O ministro Antonio Palocci mandou os mal chamados "radicais" do seu próprio partido, o PT,
lerem o programa de governo, para
que verifiquem que o que está sendo
feito é o que foi prometido.
Obediente, fiz o que o ministro
mandou, embora não seja do PT
nem seja radical.
Logo de cara, dei com os seguintes
trechos, na introdução:
"Não é difícil avaliar o sucesso ou
fracasso de um governo. Basta olhar
para os salários e a renda do povo;
ver se os índices de desemprego e desigualdade diminuíram; e se a educação ficou de melhor qualidade. Governo bom é o que conduz o país ao
crescimento, ao encontro da prosperidade", diz o documento.
Depois: "Nosso programa de governo tem como preocupação central
apresentar MUDANÇAS DE FUNDO
para o nosso país".
A data: 23 de julho de 2002. A assinatura: Luiz Inácio Lula da Silva;
lembra-se dele, Palocci?
Nas 88 páginas seguintes, a tônica é
a mesma. Por exemplo: "A imensa
tarefa de criar uma ALTERNATIVA
ECONÔMICA para enfrentar e vencer o desafio histórico da exclusão social exige a presença ativa e a ação
reguladora do Estado sobre o mercado, evitando o comportamento predatório de monopólios e oligopólios".
Poderia citar mil outras frases em
que MUDANÇA e ALTERNATIVA
dão o tom.
O que é que os ditos "radicais" estão cobrando, se não MUDANÇA e
POLÍTICAS ALTERNATIVAS?
O que o PT pregou durante seu
quase um quarto de século de vida, se
não MUDANÇA e POLÍTICAS ALTERNATIVAS?
Ou o PT faz um gigantesco "erramos" público e confessa que se equivocou durante toda a sua história ou
o Brasil vai assistir ao grotesco espetáculo de petistas serem expulsos do
PT por serem, bem, digamos, petistas.
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