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São Paulo, quarta-feira, 05 de fevereiro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

O PT expulsa o PT

SÃO PAULO - O ministro Antonio Palocci mandou os mal chamados "radicais" do seu próprio partido, o PT, lerem o programa de governo, para que verifiquem que o que está sendo feito é o que foi prometido.
Obediente, fiz o que o ministro mandou, embora não seja do PT nem seja radical.
Logo de cara, dei com os seguintes trechos, na introdução:
"Não é difícil avaliar o sucesso ou fracasso de um governo. Basta olhar para os salários e a renda do povo; ver se os índices de desemprego e desigualdade diminuíram; e se a educação ficou de melhor qualidade. Governo bom é o que conduz o país ao crescimento, ao encontro da prosperidade", diz o documento.
Depois: "Nosso programa de governo tem como preocupação central apresentar MUDANÇAS DE FUNDO para o nosso país".
A data: 23 de julho de 2002. A assinatura: Luiz Inácio Lula da Silva; lembra-se dele, Palocci?
Nas 88 páginas seguintes, a tônica é a mesma. Por exemplo: "A imensa tarefa de criar uma ALTERNATIVA ECONÔMICA para enfrentar e vencer o desafio histórico da exclusão social exige a presença ativa e a ação reguladora do Estado sobre o mercado, evitando o comportamento predatório de monopólios e oligopólios".
Poderia citar mil outras frases em que MUDANÇA e ALTERNATIVA dão o tom.
O que é que os ditos "radicais" estão cobrando, se não MUDANÇA e POLÍTICAS ALTERNATIVAS?
O que o PT pregou durante seu quase um quarto de século de vida, se não MUDANÇA e POLÍTICAS ALTERNATIVAS?
Ou o PT faz um gigantesco "erramos" público e confessa que se equivocou durante toda a sua história ou o Brasil vai assistir ao grotesco espetáculo de petistas serem expulsos do PT por serem, bem, digamos, petistas.


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