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FARMÁCIA ELETRÔNICA
Desafia as autoridades de saúde pública o caso das farmácias virtuais que vendem medicamentos na internet sem exigir apresentação de receita médica. Segundo
relatório da Jife (Junta Internacional
de Fiscalização de Entorpecentes), é
preocupante o aumento, verificado
ao longo dos últimos dois anos, do
chamado "cibertráfico".
Tem sido crescente no mundo inteiro a tendência de usuários de drogas substituírem produtos ilegais,
como maconha e cocaína, por medicamentos de uso controlado, como
anfetaminas e analgésicos.
A internet, já por natureza refratária a controles, torna-se um instrumento de terrível eficiência para a comercialização dessas drogas. Em alguns casos, a venda nem pode ser
considerada ilegal, pois muitas das
farmácias têm sede em países com
normas pouco rígidas em relação à
venda de medicamentos, estando assim fora da jurisdição do país em que
o comprador se encontra.
Tentar disciplinar a internet é uma
tarefa que se mostra fadada ao fracasso. Já investir em formas de evitar
a entrada ilegal de produtos, principalmente via correio, poderia ser
uma alternativa, mas os custos de
vistoriar toda a correspondência internacional seriam proibitivos.
Essa não é a primeira vez que a disseminação de uma nova tecnologia
coloca hábitos e mesmo leis em xeque. A imprensa de Gutenberg, por
exemplo, revolucionou a Europa do
século 15, tornando mais difícil o desejo dos soberanos de controlar o
que se podia ler e pensar. No século
21, a internet, ao mesmo tempo em
que permite a troca de informações
em escala antes inimaginável, torna
obsoletas legislações de diversos países. Com a rede, ficou mais difícil para Estados conseguir controlar, por
exemplo, a pornografia, o jogo e a
utilização indevida de fármacos.
Obviamente, muitos dos efeitos da
internet -como sua vocação para
escapar à censura- são desejáveis,
outros, nocivos. Não há, porém,
muito o que se possa fazer a respeito.
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