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DÍVIDA DE RICOS
Foi-se o tempo em que os mercados se preocupavam acima de
tudo com a dívida e a capacidade de
pagamento de empresas e governos
subdesenvolvidos. A preocupação
era procedente e vários desses países
e corporações quebraram. Mas, agora, o temor crescente é o que resulta
do endividamento de consumidores,
empresas e governos de países industrializados.
O alerta vem do mesmo FMI que,
no passado, notabilizou-se por tentar, sem êxito, disciplinar o endividamento e o ajuste dos países pobres.
Segundo a instituição, o risco de
um colapso financeiro no mercado
imobiliário global é hoje de 40%. E o
endividamento das empresas chegou a 48% do PIB nos EUA e a 74%
do PIB na zona do euro, em 2001.
Esse diagnóstico financeiro pode
ser resumido numa palavra: vulnerabilidade. O quadro só não é pior porque o Fed, banco central dos EUA,
adotou uma política agressiva de redução dos juros nos últimos anos.
Evitar o pior não significa alcançar
o melhor. Registre-se o limbo econômico do Japão, cuja economia
passou por uma bolha especulativa
no mercado imobiliário e por um ciclo de investimentos exagerados antes de mergulhar numa estagnação
que dura mais de uma década.
O Banco do Japão chegou a praticar
taxas de juros negativas, sem conseguir resgatar a atividade econômica,
o humor dos consumidores ou o
apetite de investidores. Evitou-se até
agora o pior, que seria uma quebradeira sem limite do sistema bancário. Mas ainda é insuficiente.
O expressivo aumento de gastos
militares dos EUA pode levar a economia norte-americana e o sistema
global a um desfecho ainda mais
dramático. Segundo alguns analistas, o déficit público crescente dos
Estados Unidos pode obrigar o Fed a
elevar os juros. Seria um duro golpe
nos países ricos, que mergulhariam
numa crise sistêmica cuja superação
ninguém se atreve a profetizar.
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