UOL




São Paulo, sábado, 05 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DÍVIDA DE RICOS

Foi-se o tempo em que os mercados se preocupavam acima de tudo com a dívida e a capacidade de pagamento de empresas e governos subdesenvolvidos. A preocupação era procedente e vários desses países e corporações quebraram. Mas, agora, o temor crescente é o que resulta do endividamento de consumidores, empresas e governos de países industrializados.
O alerta vem do mesmo FMI que, no passado, notabilizou-se por tentar, sem êxito, disciplinar o endividamento e o ajuste dos países pobres.
Segundo a instituição, o risco de um colapso financeiro no mercado imobiliário global é hoje de 40%. E o endividamento das empresas chegou a 48% do PIB nos EUA e a 74% do PIB na zona do euro, em 2001.
Esse diagnóstico financeiro pode ser resumido numa palavra: vulnerabilidade. O quadro só não é pior porque o Fed, banco central dos EUA, adotou uma política agressiva de redução dos juros nos últimos anos.
Evitar o pior não significa alcançar o melhor. Registre-se o limbo econômico do Japão, cuja economia passou por uma bolha especulativa no mercado imobiliário e por um ciclo de investimentos exagerados antes de mergulhar numa estagnação que dura mais de uma década.
O Banco do Japão chegou a praticar taxas de juros negativas, sem conseguir resgatar a atividade econômica, o humor dos consumidores ou o apetite de investidores. Evitou-se até agora o pior, que seria uma quebradeira sem limite do sistema bancário. Mas ainda é insuficiente.
O expressivo aumento de gastos militares dos EUA pode levar a economia norte-americana e o sistema global a um desfecho ainda mais dramático. Segundo alguns analistas, o déficit público crescente dos Estados Unidos pode obrigar o Fed a elevar os juros. Seria um duro golpe nos países ricos, que mergulhariam numa crise sistêmica cuja superação ninguém se atreve a profetizar.


Texto Anterior: Editoriais: "ISSO É O BRASIL"
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: A "saddamização" dos EUA
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.