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CLÓVIS ROSSI
A "saddamização" dos EUA
SÃO PAULO - Em recente entrevista coletiva no QG das forças norte-americanas no Kuait, Arnim Stauth, enviado enviado da rede pública alemã
ARD, protestou contra o que considera discriminação no tratamento de
jornalistas de países que se opuseram
à invasão.
"Não esperaríamos nada diferente
de Saddam Hussein", esbravejou
Stauth, com toda a razão, segundo o
relato do jornal "Financial Times".
Comportamento à Saddam Hussein também teve Otto Reich, enviado especial da Casa Branca para o
hemisfério Ocidental.
Em visita a países do Caribe, Reich
passou um tremendo sermão nos governantes dos 15 países da Comunidade Caribenha por terem divulgado
nota de condenação ao uso unilateral da força no caso do Iraque.
Reich disse que os Estados Unidos
estavam "muito desapontados" e
ameaçou: "Estudem muito cuidadosamente não apenas aquilo que dizem, mas as consequências do que os
senhores dizem".
A chanceler Billie Miller, como o
jornalista alemão, deu resposta à altura: "O embaixador Reich pareceu
incapaz de aceitar que a expressão de
um ponto de vista oposto por qualquer Estado soberano não é um ato
hostil, mas, ao contrário, o mais vibrante exemplo de tradições democráticas e de liberdades que ambos
esposamos".
A escritora canadense Margaret Atwood começa a duvidar de que os Estados Unidos continuem "esposando" democracia e liberdade. Em
"Carta à América", publicada por
"The Globe and Mail", Atwood diz:
"Você (América) punha-se de pé
pela liberdade, honestidade e justiça;
você protegia os inocentes. Eu acreditava nisso. Acho que você também
acreditava. (...) Se você continuar ladeira abaixo, as pessoas no mundo
todo vão parar de admirar as boas
coisas sobre você. (...) Vão pensar que
você abandonou o reinado da lei".
Ganhar a guerra está sendo fácil.
Difícil será recuperar a admiração.
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