São Paulo, terça, 5 de maio de 1998

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REAL INVICTO

Em setembro de 1997, pesquisa Datafolha apontava a possibilidade de Fernando Henrique Cardoso ter de enfrentar um segundo turno na eleição presidencial. Pareciam tremer ligeiramente as bases da grande popularidade do presidente. Desde então, sobreveio uma série de abalos na vida brasileira: a ameaça da crise asiática, um aperto ainda maior na atividade econômica, mais desemprego e o aumento da criminalidade.
Mas nova pesquisa mostra que o prestígio de FHC tem se mostrado capaz de resistir a tais abalos. Hoje não é certa a vitória do presidente no primeiro turno, mas há um empate técnico entre a votação de FHC e a de seus adversários somada. Isto é, se não se considerar a hipótese da candidatura Fernando Collor, por ora apenas uma fantasia. Se Lula vier de fato a desistir, o caminho de FHC para o segundo mandato ficaria livre.
Não se trata de dizer, no entanto, que a apreciação do real e a do presidente tenham ficado incólumes após a crise. A avaliação ótimo/bom para FHC está cinco pontos abaixo da média em torno da qual vinha flutuando desde o início do governo -40%.
Vem caindo lenta, embora significativamente, o número daqueles que consideram o real bom para o país: de 75%, em setembro de 97, para 63%, agora no final de abril. No entanto, essa própria queda perde um pouco de sua importância dado o nível ainda alto de aprovação.
De resto, a apreensão quanto ao desemprego não variou de modo relevante na presente pesquisa. Flutua em torno de índices altos, mas isso ocorre desde 1995. Curiosamente, um dos indicadores socioeconômicos mais lamentáveis do atual governo não parece afetar de modo importante a avaliação de FHC.
Ao que parece, o eleitorado continua a indicar que, mesmo que queira mudar de presidente, nenhum dos poucos candidatos que se apresentam na oposição encarna uma opção desejável. Até agora, ninguém oferece ao eleitorado um programa que some a garantia da estabilidade a outros planos suficientemente atrativos para derrubar a segurança que, aos olhos da população, a combinação entre real e FHC hoje representa.



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