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Torcida brasileira
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Depois de meio século no
poder, o Partido Colorado corre o sério risco de perder as eleições do próximo domingo, dia 10, no Paraguai. Já
não era sem tempo.
O Brasil, apesar da decantada discrição diplomática, mal consegue disfarçar a torcida pelo oposicionista Domingo Laíno, da Aliança Democrática. Economista, 62 anos, ele já perdeu
duas eleições. As condições agora, porém, são outras.
Elas começaram a se desenhar com a
cisão incontornável do Partido Colorado. O presidente Juan Carlos Wasmosy ficou de um lado. O general Lino
Oviedo, candidato inquestionavelmente favorito, ficou do outro: dentro
da cadeia.
O nome alternativo dos colorados é
Raúl Cubas Grau, que não tem carisma, não tem a confiança de Wasmosy
e não une o partido oficial. Como resultado, não consegue sustentar índices confortáveis nas pesquisas.
Correndo por fora, insuflado por boa
parte da intelectualidade paraguaia,
Laíno foi crescendo e colhendo apoios
que desgrudavam da candidatura seca de Oviedo.
Aproveitando as circunstâncias internas, conquistou o apoio norte-americano e venceu as resistências da Argentina, que jogava tudo em Oviedo.
Agora une o Brasil (antes dividido entre ele e Oviedo) e o Uruguai (que defendia, pura e simplesmente, o processo democrático interno).
Esse movimento de fora para dentro
não ficou apenas no discurso e na simpatia. Partiu para a prática. Foi assim, por exemplo, que a OEA (Organização dos Estados Americanos) enviou missão ao Paraguai para garantir a lisura das eleições.
Laíno também deu suas garantias.
Anunciou que seu ministro da Economia será o respeitado empresário
Guillermo Caballero Vargas e que seu
governo terá uma política agressiva de
privatizações. Exceção para a Ande (a
empresa nacional de eletricidade).
A compra de duas novas turbinas
para a Itaipu Binacional, de US$ 190
milhões, está em fase de pré-qualificação de fornecedores. O Brasil quer que
essa compra, por exemplo, seja concluída com o Paraguai saneado. Acredita que só Laíno poderá saneá-lo.
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