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São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2003

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PROMESSAS HISTÓRICAS

O que não faltou na cúpula de Ácaba foram promessas históricas. O premiê palestino, Abu Mazen, prometeu renunciar ao terrorismo, acabar com a militarização da intifada e assegurou que os palestinos não irão "ignorar o sofrimento dos judeus através da história".
Já o premiê israelense, Ariel Sharon, prometeu começar a desmantelar assentamentos judaicos ilegais nos territórios palestinos. Também reconheceu a necessidade de que o futuro Estado palestino tenha contiguidade territorial na Cisjordânia.
Sob os olhares atentos do presidente George W. Bush, os dois primeiros-ministros voltaram a comprometer-se com o novo plano de paz para a região. Patrocinado por EUA, União Européia, Rússia e ONU, o "mapa do caminho" prevê a criação de um Estado palestino em 2005.
Em condições normais, o saudável ceticismo já recomendaria relativizar um pouco as promessas dos dois líderes. Tratando-se do Oriente Médio então, as cautelas precisam ser triplicadas. Mesmo deixando, por ora, de lado as questões realmente espinhosas como o estatuto de Jerusalém e o direito de retorno para os refugiados palestinos, são grandes os obstáculos a um entendimento. Abu Mazen precisa enfrentar, além dos radicais do Hamas ou do Jihad, a oposição de seu próprio chefe, o presidente Iasser Arafat, posto de lado nas negociações por Israel e pelos EUA. Também Sharon terá de lidar com os judeus ultraconservadores, para os quais a manutenção dos assentamentos é quase um mandamento divino. E o próprio Sharon se contava entre esses ultraconservadores poucos meses atrás.
Seja como for, a simples realização da cúpula com a presença de Bush já é um sinal animador de que o processo de paz está sendo de fato retomado. Os discursos dos dois premiês também foram significativos. Mas seria excesso de otimismo ignorar as enormes dificuldades que ainda separam israelenses e palestinos da tão almejada paz.


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