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TENDÊNCIAS/DEBATES
A prefeita e a cidadania homossexual
ÍTALO CARDOSO
Como militante de direitos humanos e parceiro de todas as horas
que tenho sido dos movimentos e entidades que defendem os direitos da população homossexual, fiquei surpreso
com a agressividade do escritor e roteirista João Silvério Trevisan contra a prefeita da cidade de São Paulo, em artigo
publicado ontem nesta Folha ("À prefeita de São Paulo", pág. A3). Citado que
fui, não poderia me calar diante de uma
argumentação que não merece outra
adjetivação senão a da injustiça.
O governo Marta Suplicy não resolveu
todos os problemas da cidade apenas
por falta de vontade política, tampouco
deu as costas aos vários segmentos sociais excluídos, entre eles a comunidade
homossexual. Ao contrário, governo
nenhum em toda a história da cidade de
São Paulo investiu tanto para implantar
políticas públicas de inclusão social.
A ousadia e a coragem de Marta Suplicy não são imagens do passado, como argumenta Trevisan. Elas continuam presentes nos atos da prefeita, em
todas as questões que dizem respeito à
defesa e à promoção dos direitos da cidadania. Foi no governo Marta Suplicy
que se criou a Comissão Municipal dos
Direitos Humanos, através de emenda à
Lei Orgânica Municipal proposta por
este parlamentar, em que vários segmentos sociais excluídos, entre eles um
representante da população de gays, lésbicas, travestis e transgêneros, têm assento garantido.
Foi também neste governo que houve
o reconhecimento, por parte do Instituto de Previdência Pública Municipal
(IPREM), dos direitos dos parceiros de
funcionários públicos homossexuais.
Neste governo há também uma política
permanente no sentido de efetivar uma
mudança radical no tratamento dispensado ao cidadão e à cidadã homossexuais nos órgãos públicos; não um tratamento diferenciado, especial, mas
dentro dos princípios do respeito aos
direitos humanos. Essa política está presente no atendimento nos serviços municipais, da educação à saúde, das subprefeituras à Guarda Metropolitana.
E mais: a parada gay do próximo dia
22, por iniciativa dessa administração,
foi incluída no calendário oficial de
eventos do município. A prefeitura tem
dado todo o apoio não só a esse evento,
mas a todos os que compõem o Mês do
Orgulho GLBT, que culmina com a parada. Essa atitude da prefeita foi determinante para a projeção da parada nos
cenários nacional e internacional,
atraindo turistas de toda a América do
Sul. Nos últimos dois anos, o evento
contou com o apoio do Anhembi em toda a sua infra-estrutura. E a abertura do
mês neste ano foi no Teatro Municipal,
com a entrega do prêmio "Cidadania
em Respeito à Diversidade". E outros
espaços foram disponibilizados, como
centros culturais e a biblioteca Mário de
Andrade, assim como o apoio de todas
as secretarias municipais.
Marta tem feito um governo com um olhar e uma atenção especiais às vítimas seculares da exclusão
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Marta tem feito um governo de reconstrução e para todos, mas com um
olhar e uma atenção especiais às vítimas
seculares da exclusão. Os programas sociais implantados beneficiam diretamente mais de 1,2 milhão de pessoas; a
construção dos Centros Educacionais
Unificados nos bairros da periferia, o
investimento na revitalização da região
central da cidade -local com grande
concentração de homossexuais-, entre outras iniciativas, mostram de que
lado está Marta Suplicy.
Em seu artigo, João Silvério Trevisan
trata da questão do Autorama, espaço
de "socialização gay", segundo ele, fechado em definitivo. Temporariamente
fechado seria o termo correto, pois o
projeto elaborado para o parque Ibirapuera -e o Autorama dele faz parte-
prevê a criação de um espaço de integração dos frequentadores habituais
com os que utilizam as demais áreas do
parque. A criação desse espaço não-segregado, melhor iluminado, com quiosques e bancos está dentro do espírito da
integração, e não do da segregação. A
iniciativa foi discutida e apoiada por vários setores da comunidade homossexual.
São iniciativas como essas aqui relacionadas, além do sobejamente conhecido projeto de parceria civil, que atestam o compromisso de Marta Suplicy
com a população homossexual. Dizer
que Marta Suplicy tem "dado bananas"
a seus aliados é, além de deselegante,
uma afirmação que não condiz com a
verdade. Marta Suplicy tem ido à parada gay -e o fará mais uma vez neste
ano- não apenas para dizer palavras
bonitas, mas por causa da legitimidade
e da credibilidade construída ao longo
de sua vida política. Legitimidade essa a
mesma dos milhares de cidadãos e cidadãs que lá estarão, muitos deles beneficiários diretos dos programas sociais,
das políticas de construção e fortalecimento da cidadania que vêm sendo implementadas pelo seu governo.
E nunca é demais lembrar: Marta e o
PT continuarão nessa linha, a de diálogo permanente com todos os setores
discriminados para avançar na construção de uma sociedade fraterna, solidária
e sem preconceito.
Ítalo Cardoso, deputado estadual pelo PT em São Paulo, é presidente do diretório municipal
do partido na capital paulista.
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