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EURO, TEORIA E PRÁTICA
A criação da moeda única européia
suscitou expectativas, e mesmo esperanças, de que estaria ameaçada a
predominância global do dólar. Mas,
perto de seus seis meses, o euro suscita dúvidas a respeito da manutenção de seu valor, estando por ora
afastada a possibilidade de que a hegemonia global da moeda norte-americana esteja em risco.
Os capitais de curto prazo, que dominam o cenário financeiro global,
buscam permanentemente realizar
ganhos por meio da troca de moedas.
A alavanca dessas ondas no mercado
monetário é o diferencial entre as taxas de juros nos vários países. Assim,
há uma corrida para o dólar e uma
fuga do euro quando os investidores
constatam que os juros tendem a subir nos EUA e a ficar no máximo estáveis na União Européia. A moeda européia atingiu na última semana o nível mais baixo dos últimos dez anos
em relação ao dólar (o marco alemão
é a referência para o período anterior
ao euro).
Se quiser enfrentar a desvalorização
com mais vigor, o Banco Central Europeu será obrigado a elevar os juros.
Num momento em que a economia
dos EUA tende a se desaquecer e a
Ásia mal se recupera da crise, uma
alta dos juros europeus tornaria ainda mais improvável uma recuperação
do crescimento europeu e mundial.
Se, ao contrário, os europeus optarem por aceitar a desvalorização
cambial, suas exportações serão
mais competitivas. Mas, nesse caso,
os países fora da UE teriam mais dificuldades para entrar nos seus mercados. A economia européia cresceria
mais, porém de modo excludente;
não haveria contraposição ao dólar.
Até o momento, os líderes da UE
não chegaram a um acordo sobre
qual seria a pior das duas opções. Os
embaraços para decidir têm origem
num problema estrutural da economia européia: sua dificuldade para se
tornar mais competitiva e para definir novas fronteiras de investimento
-do que depende também uma
moeda forte-, capazes de reduzir as
taxas de desemprego na região.
Debatendo-se entre as tendências
financeiras de curto prazo adversas e
o desafio de gerar horizontes de longo prazo para os investidores, o euro
ainda não abriu caminho para uma
nova era de prosperidade.
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