|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A DÚVIDA DA PROPINA
Depoimentos de pessoas ligadas a companhias de ônibus
de Santo André vão conferindo verossimilhança cada vez maior à crença de que, sob o governo do prefeito
petista Celso Daniel, assassinado em
janeiro, teria sido montado um esquema para extorquir dinheiro de
concessionários de transporte. Essa
suspeita ensejou a investigação do
Ministério Público paulista, que culminou numa denúncia à Justiça.
Resta saber se tem procedência uma
segunda argumentação aventada pelos promotores, a de que parte do dinheiro seguia rumo ao diretório nacional do PT, para financiar campanhas políticas.
Em entrevista a esta Folha, um desses empresários relatou sobre uma
reunião, na Secretaria de Serviços
Municipais de Santo André, em que
teria sido acertada uma "taxa" de
propina de R$ 550 por veículo.
Composta apenas por vereadores
governistas, CPI instalada na Câmara de Santo André para averiguar as
suspeitas dificilmente concluirá algo
que contrarie interesses do PT.
A maior esperança para elucidar as
implicações desse caso está depositada na Justiça. Para além dos efeitos
locais da investigação sobre o esquema de propinas, cumpre esclarecer o
mais rapidamente possível a suspeita
levantada pelo irmão do prefeito assassinado -de que haveria conexão
entre o esquema de Santo André e o
presidente do PT, José Dirceu.
As investigações sobre o deputado
petista foram bloqueadas por decisão de Nelson Jobim, do Supremo
Tribunal Federal. O ministro parece
que escolheu o momento errado para dar demonstração de sua isenção
no processo eleitoral, que tem sido
questionada. Com isso, lamentavelmente se perdeu oportunidade de esclarecer com mais celeridade suspeita gravíssima que recai sobre o partido. É importante que o procurador-geral da República recorra da decisão
e que o plenário do STF permita que
Dirceu seja investigado.
Texto Anterior: Editoriais: MEDO DA INFLAÇÃO Próximo Texto: Editoriais: O FRONT ESQUECIDO
Índice
|