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ELIANE CANTANHÊDE
Eles matam, eles morrem
BRASÍLIA - Nem só de intervenção no Espírito Santo vive o Ministério
da Justiça, que, ontem, decidiu submeter ao Supremo Tribunal Federal
e a posterior decreto de FHC a intenção de trocar o governador e o presidente da Assembléia Legislativa do
Estado.
A decisão é praticamente inédita,
mas louvável. O Estado está fora de
controle, com queixas na OEA, na
Convenção de Genebra, na Comissão
de Direitos Humanos da ONU. Um
vexame internacional e um exemplo
da promiscuidade entre o crime organizado, o desrespeito aos direitos
humanos e os políticos desonestos.
Bem, mas como se ia dizendo, nem
só disso vive o Ministério da Justiça,
onde almoçaram ontem os ministros
da Educação, do Trabalho e dos Esportes mais os secretários de Ação Social, de Direitos Humanos e de Direitos da Mulher. Em pauta, os jovens.
Quando a prevenção falha, vem a
repressão e, como já diziam nossas
avós, "é de pequeno que se torce o pepino", ou que se previne o crime. Especialmente nas escolas, com aula
apetitosa, comida, esportes e respeito.
O grupo finge que está se reunindo
e propondo soluções para o governo
FHC, como se o governo FHC não estivesse a seis meses do fim. No máximo, pode deixar propostas para o sucessor -que, evidentemente (ou seria só provavelmente?), eles preferem
que seja o tucano José Serra.
Mas, vença quem vencer, é importantíssimo que saiba contrabalançar
os tais fundamentos da economia e
as urgências sociais; o pânico com o
dólar e com o déficit estatal nos guetos, favelas e desvãos da seca.
Para quem só pensa em números,
aqui vai um de estarrecer: você sabia
que 56% das mortes de jovens entre
12 e 25 anos no Brasil são por assassinato? E que, na outra ponta, é cada
vez maior o índice de criminosos entre 18 e 25 anos?
Pois é. Se isso não for prioridade já,
em qualquer governo, de qualquer
partido, o Espírito Santo vai ser apenas o começo. A intervenção federal
vai ter de deixar de ser exceção para
virar regra nos 26 Estados. Ah! E no
próprio Distrito Federal.
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