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FERNANDO RODRIGUES
O futuro do PDT
BRASÍLIA - Passados alguns dias, ficam mais claros os efeitos da morte
de Leonel Brizola para o PDT.
Haverá quase nada agora. Só a perda de um ou outro congressista. É em
2005 que o PDT e outras siglas médias e pequenas sofrerão um ataque
especulativo e poderão definhar.
Até setembro de 2005 todos se ajustarão para a eleição de 2006, quando
entrará em vigor a cláusula de barreira: cada partido terá de atingir 5%
dos votos para deputado federal em
todo o país. Os pedetistas enfrentariam dificuldade para atingir essa
meta, com ou sem Brizola.
Por ora, a morte de Brizola serviu
para evidenciar a falta de tirocínio de
alguns desertores do PDT. Perderam
a chance de herdar e de comandar
um partido tradicional. Estão nessa
lista Anthony Garotinho, César
Maia, Dante de Oliveira, Jaime Lerner, Miro Teixeira e tantos outros.
O fato é que o PDT há anos ruma
para o semi-oblívio. Em 1994, elegeu
34 deputados federais. Em 1998, caiu
para 25. Em 2002, ficou em 21. Com
Lula na Presidência, desidratou-se.
Tem hoje míseras 12 cadeiras na Câmara -é só a décima bancada.
A ausência de Brizola deixa o PDT
similar a outros partidos. O engenheiro vira um ícone. Será adorado.
Várias agremiações seguem a praxe.
Há, é claro, gradação do culto à personalidade, mas todos têm o seu "padim Ciço", vivo ou morto -PTB (Getúlio Vargas), PMDB (Ulysses Guimarães), PSDB (Mário Covas, Teotônio Vilela e FHC), PT (Lula) e por aí
vai. Nada de novo.
A hora da verdade para partidos
como o PDT ocorrerá com a decantação política de 2005, em preparação
para 2006. Os pedetistas sabem que
não conseguirão os 5% dos votos para deputado federal no país -tiveram 5,67% em 1998 e só 5,12% em
2002. A sigla será atropelada pelos
emergentes PL, PTB e PSB, agora turbinados pelo Palácio do Planalto.
Com ou sem Brizola, o PDT já estava obrigado a um choque de realidade: ou se associa a outro partido ou
então, no futuro, não haverá sigla para cultuar o brizolismo.
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