São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

O futuro do PDT

BRASÍLIA - Passados alguns dias, ficam mais claros os efeitos da morte de Leonel Brizola para o PDT.
Haverá quase nada agora. Só a perda de um ou outro congressista. É em 2005 que o PDT e outras siglas médias e pequenas sofrerão um ataque especulativo e poderão definhar.
Até setembro de 2005 todos se ajustarão para a eleição de 2006, quando entrará em vigor a cláusula de barreira: cada partido terá de atingir 5% dos votos para deputado federal em todo o país. Os pedetistas enfrentariam dificuldade para atingir essa meta, com ou sem Brizola.
Por ora, a morte de Brizola serviu para evidenciar a falta de tirocínio de alguns desertores do PDT. Perderam a chance de herdar e de comandar um partido tradicional. Estão nessa lista Anthony Garotinho, César Maia, Dante de Oliveira, Jaime Lerner, Miro Teixeira e tantos outros.
O fato é que o PDT há anos ruma para o semi-oblívio. Em 1994, elegeu 34 deputados federais. Em 1998, caiu para 25. Em 2002, ficou em 21. Com Lula na Presidência, desidratou-se. Tem hoje míseras 12 cadeiras na Câmara -é só a décima bancada.
A ausência de Brizola deixa o PDT similar a outros partidos. O engenheiro vira um ícone. Será adorado. Várias agremiações seguem a praxe. Há, é claro, gradação do culto à personalidade, mas todos têm o seu "padim Ciço", vivo ou morto -PTB (Getúlio Vargas), PMDB (Ulysses Guimarães), PSDB (Mário Covas, Teotônio Vilela e FHC), PT (Lula) e por aí vai. Nada de novo.
A hora da verdade para partidos como o PDT ocorrerá com a decantação política de 2005, em preparação para 2006. Os pedetistas sabem que não conseguirão os 5% dos votos para deputado federal no país -tiveram 5,67% em 1998 e só 5,12% em 2002. A sigla será atropelada pelos emergentes PL, PTB e PSB, agora turbinados pelo Palácio do Planalto.
Com ou sem Brizola, o PDT já estava obrigado a um choque de realidade: ou se associa a outro partido ou então, no futuro, não haverá sigla para cultuar o brizolismo.


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