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DECISÃO DE CRESCER
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, voltou a declarar
que o governo brasileiro não pretende promover novo entendimento
com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A última parcela do acordo em vigor vence em março de 2005
e, segundo o ministro Palocci, será
"bom para o Brasil e para o Fundo
Monetário se não forem necessários
novos empréstimos".
Quanto a isso, não há nenhuma
dúvida. Se a o país continuar gerando os dólares de que necessita para
manter sob controle suas contas externas, todos ganham. Politicamente, para o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva será de evidente proveito poder anunciar, enfim, a interrupção
dos laços formais com o Fundo, não
pela via da ruptura, como apregoavam os petistas em suas "bravatas"
dos tempos de oposição, mas pelo
caminho da melhoria das condições
externas da economia. Já para o FMI,
com seu exíguo currículo de bons resultados e abundante rol de fracassos e problemas, o Brasil poderá ser
apontado -e de certa forma isso já
ocorre- como um caso de sucesso.
O que se deve indagar é que conseqüências a não-renovação do acordo
teria sobre as decisões econômicas
internas. Pelos sinais até aqui emitidos, a resposta parece ser: quase nenhuma. A separação, se de fato ocorrer, deverá ser bastante amigável e o
governo brasileiro dificilmente fará
algum movimento que possa ser interpretado como uma afronta às normas que têm regido o relacionamento do país com a instituição.
O que se pode esperar é que, na
busca de um suplemento extra de
credibilidade e de alguma eventual
vantagem, como um fundo de emergência contra crises ou a possibilidade de aumentar a capacidade de investimento do setor público em infra-estrutura, as autoridades econômicas, como já fizeram recentemente, acenem com um ajuste fiscal ainda mais rigoroso.
Para o futuro do desenvolvimento
brasileiro, mais do que a discussão
formal sobre seguir ou não com o
Fundo, importa saber se haverá decisão política das autoridades governamentais no sentido de criar as condições para um crescimento vigoroso e
sustentável da economia. Ou, ao
contrário, se a dinâmica econômica,
mesmo sem a assinatura do FMI,
permanecerá prisioneira do padrão
medíocre e insatisfatório que se consolidou nos últimos anos, com baixo
nível de investimento, juros persistentemente altos e desemprego em
patamares preocupantes.
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