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CARLOS HEITOR CONY
Lula ficou tiririca
RIO DE JANEIRO - Tudo bem. Apesar das trapalhadas dos últimos
dias, as eleições foram calmas e os
resultados mais ou menos previstos: a queda de Dilma e a subida de
Marina. Mais uma semana e ela poderia entrar no segundo turno.
O fato mais importante, que realmente influiu no resultado, aconteceu bem antes: os escândalos na
Casa Civil. Nem mesmo a taxa de
aprovação de Lula aguentou a barra e ele não conseguiu fazer o que
esperava: ganhar a eleição no primeiro turno.
Livrou-se de alguns adversários
históricos no Congresso, mas não
desbancou a tucanada que pousou
em Minas Gerais.
Curioso como as mulheres se
destacaram para o mais ou para
menos no episódio eleitoral: Dilma,
Marina e a consorte do Roriz, que
trocou as prendas domésticas por
outro tipo de prendas.
Isso sem falar no fantasma de outra mulher, Erenice Guerra, cujo espírito pairou sobre o eleitorado que,
inicialmente, pretendia seguir outro fantasma: os mais de 80% de
popularidade do presidente da
República.
Outro fenômeno, mais ou menos
esperado, foi a formidável votação
de Tiririca. Fui consultar o dicionário (coisa raríssima para os meus lados), para saber do que se trata. É
uma erva daninha e, entre outros,
tem significados simbólicos, como
"gatuno, batedor de carteira, zangado, irritado, furioso" ("Koogan/
Houaiss").
Certamente, o novo deputado federal por São Paulo não é gatuno
nem batedor de carteira, nem deve
ser zangado, irritado e furioso, pois
se trata de um palhaço, cujo ofício
tradicional é distrair os outros.
Mas, se houve alguém que ficou
zangado, irritado e furioso foi Lula,
que cancelou a nutrida agenda internacional deste mês de outubro
para, de corpo presente, garantir a
vitória de sua candidata no segundo turno.
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