São Paulo, segunda-feira, 05 de novembro de 2001

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ALERTAS DO BIRD

Boa parte dos analistas da economia brasileira saúda os indicadores mais recentes como sinais de que ocorreu um "descolamento" entre a situação no país e a crise econômica na Argentina. Uma visão bem mais pessimista foi divulgada recentemente pelo Banco Mundial.
Analisando da queda nos investimentos estrangeiros à asfixia fiscal e monetária -passando pelo horizonte bastante incerto das eleições presidenciais e pelo contágio da crise argentina-, o capítulo do relatório "Global Economic Prospects" dedicado à América Latina coloca o Brasil entre os países de maior risco.
A economia brasileira está em situação menos catastrófica que a da Argentina. Mas, se houve "descolamento" entre as duas, o processo data pelo menos de janeiro deste ano, quando os "spreads" no mercado secundário de fato se distanciaram. Desde então, a deterioração da confiança nos papéis da Argentina se tornou bem mais acentuada do que se verifica no caso brasileiro.
Mesmo assim, o Brasil está incluído no grupo dos países sob "estresse financeiro", expressão que, na pior hipótese, significa risco de reestruturação de compromissos externos.
Se o Brasil chegará algum dia a encarar dificuldades tão extremas, ainda é cedo para saber. Mas seria ingênuo descartar totalmente essa hipótese quando se trata de um país que já passou por situação semelhante e depois que as instituições financeiras globais já aprenderam que esse tipo de crise não é tão improvável. Vale lembrar que a percepção de risco do Brasil piorou mesmo depois de um pacote do FMI de US$ 15,6 bilhões.
Entre os alertas mais importantes do Banco Mundial está o diagnóstico de que as dificuldades do Brasil, em boa parte, resultam da altíssima dependência de financiamento externo, o que foi fruto de uma deliberada política econômica de abertura.


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