São Paulo, segunda-feira, 05 de dezembro de 2005

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VINICIUS TORRES FREIRE

Cardápio de 2006, biscoito de vento

SÃO PAULO - Lula será candidato, se não pisar em minas de impeachment que a corrupção de seu petismo-lulismo espalhou por aí. José Serra será candidato se quiser, ainda mais se estiver à frente do páreo das pesquisas e, básico, se não correr o risco de perder. Nesse caso, Geraldo Alckmin colherá a migalha da mesa tucana. Anthony Garotinho, dizem os entendidos em puericultura, será candidato se não atrapalhar a maioria mais um dos negócios políticos dos PMDBs.
Sim, haverá ainda o espalhafato de Heloísa Helena, mas o psolismo (parece nome de remédio ou de movimento gástrico) é uma estridência, melhor dizendo, uma dissidência de votos e de maneiras do PT.
Não é pouca gente, dado o vácuo de idéias que seguiu à ruína tucana e petista. No período eleitoral que se iniciou de vez com os "entusiasmos" de Alckmin, é notável como o único projeto de monta seja ajudar na putrefação de Lula. Tome-se a burrice do debate sobre juros e despesas do governo. Pior, é o único debate que há, como se um país se fizesse só disso, macroeconomia, de resto tratada como se não fosse política.
Tal panorama casa bem com Alckmin, da segunda geração tucana, depurada de laivos esquerdistas, cheirando a sabonete de glicerina, com cara de estado de natureza das políticas públicas, em odor de neutralidade, enfim, a direita que não ousa dizer seu nome, embora tecnocrática, conservadora e adepta de ferrabrazes das cavernas na segurança.
Serra é uma incógnita, como sua prefeitura, que ainda administra como gerente, notória por fechar muitos bordéis e para a qual não parecia nem parece ter muito projeto. Serra, imagina-se (pois jamais governou nada mais que uns meses de prefeitura), "tucano de esquerda", seria o centro. Mas está quietinho. Teme assustar empresários e bancos, que muitos não vão com a cara dele, pois Serra é intelectualmente esnobe e arrogante e, sendo o país tão reacionário, pode parecer à esquerda.
Mas o principal é que, adeptos, no essencial, do mesmo modo de produzir ruína econômica, PT e PSDB ora não têm o que dizer ao país. Quando virá a autocrítica?

vinit@uol.com.br

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