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VINICIUS TORRES FREIRE
Cardápio de 2006, biscoito de vento
SÃO PAULO - Lula será candidato, se não pisar em minas de impeachment
que a corrupção de seu petismo-lulismo espalhou por aí. José Serra será
candidato se quiser, ainda mais se estiver à frente do páreo das pesquisas
e, básico, se não correr o risco de perder. Nesse caso, Geraldo Alckmin colherá a migalha da mesa tucana. Anthony Garotinho, dizem os entendidos em puericultura, será candidato
se não atrapalhar a maioria mais um
dos negócios políticos dos PMDBs.
Sim, haverá ainda o espalhafato de
Heloísa Helena, mas o psolismo (parece nome de remédio ou de movimento gástrico) é uma estridência,
melhor dizendo, uma dissidência de
votos e de maneiras do PT.
Não é pouca gente, dado o vácuo de
idéias que seguiu à ruína tucana e
petista. No período eleitoral que se
iniciou de vez com os "entusiasmos"
de Alckmin, é notável como o único
projeto de monta seja ajudar na putrefação de Lula. Tome-se a burrice
do debate sobre juros e despesas do
governo. Pior, é o único debate que
há, como se um país se fizesse só disso, macroeconomia, de resto tratada
como se não fosse política.
Tal panorama casa bem com
Alckmin, da segunda geração tucana, depurada de laivos esquerdistas,
cheirando a sabonete de glicerina,
com cara de estado de natureza das
políticas públicas, em odor de neutralidade, enfim, a direita que não ousa
dizer seu nome, embora tecnocrática,
conservadora e adepta de ferrabrazes
das cavernas na segurança.
Serra é uma incógnita, como sua
prefeitura, que ainda administra como gerente, notória por fechar muitos bordéis e para a qual não parecia
nem parece ter muito projeto. Serra,
imagina-se (pois jamais governou
nada mais que uns meses de prefeitura), "tucano de esquerda", seria o
centro. Mas está quietinho. Teme assustar empresários e bancos, que
muitos não vão com a cara dele, pois
Serra é intelectualmente esnobe e arrogante e, sendo o país tão reacionário, pode parecer à esquerda.
Mas o principal é que, adeptos, no
essencial, do mesmo modo de produzir ruína econômica, PT e PSDB ora
não têm o que dizer ao país. Quando
virá a autocrítica?
vinit@uol.com.br
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